Audiência pública foi realizada em Brasília | Foto: Reprodução

Os prefeitos de Angra dos Reis e Paraty, Fernando Jordão (PL) e Luciano Vidal (MDB), aproveitaram reunião pública da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, em Brasília, para cobrarem publicamente a Eletronuclear pelo pagamento das contrapartidas e compensações ambientais pela construção da usina Angra 3. A obra da unidade está praticamente paralisada desde 2015. O debate na capital federal foi motivida por um vazamento de material radioativo ocorrido em setembro do ano passado na usina Angra 1, mas o tema principal acabou em segundo plano.

— Ficou acordado que a Câmara dos Deputados poderá fazer uma mediação dos interesses das cidades da Costa Verde. O vazamento e a falta de comunicação em tempo hábil às prefeituras foi um erro muito grave — afirmou o prefeito de Paraty, Luciano Vidal.

Como já havia feito em Angra, durante audiência promovida pela Câmara Municipal, Fernando Jordão voltou a elevar o tom, em confronto verbal com o presidente da Eletronuclear, Eduardo Grivot, também presente à audiência na terça-feira, 16.

— Não querem pagar. Tem que trabalhar para arranjar dinheiro. Se tem dinheiro para obra, por que não tem dinheiro para o município? — questionou o prefeito.

Grivot não escondeu a situação da empresa. Disse que a estatal realmente não teria dinheiro para pagar de imediato os R$ 264 milhões que são previstos para investimento em Angra e os outros R$ 40 milhões destinados a Paraty. O presidente da empresa argumentou que, com a interrupção das obras de Angra 3, não haveria recursos para quitar a dívida. Há menos de um mês, a ministra da Gestão do governo Lula, Esther Dweck, acenou com aporte de R$ 1 bilhão na empresa para dar cabo das demandas imediatas da Eletronuclear em relação a Angra 3.

Durante a audiência, o prefeito angrense também disse que não é verdadeira a afirmação de que o município ‘não tem projeto’.

— Vocês precisam ter uma equação financeira para priorizar as cidades de Angra, Paraty e Rio Claro. Não os prefeitos, mas a nossa população — afirmou Fernando.

A cobrança que a prefeitura faz à Eletronuclear remete ao mandato do ex-prefeito Tuca Jordão (2009-12), que repactuou as contrapartidas entre a estatal e o município por meio de um termo de compromisso para o repasse de recursos a serem usados em projetos socioambientais na cidade. Esta teria sido a contrapartida à cessão do terreno público para a construção da usina Angra 3. Em valores atualizados, segundo a prefeitura, este compromisso em compensações socioambientais chegaria a R$ 264 milhões.

Fernando voltou a condicionar a liberação do alvará de construção da obra de Angra 3, embargada pela prefeitura há menos de um mês, ao pagamento das contrapartidas.

A sessão teve a presença da deputada estadual Célia Jordão (PL/RJ), de sete vereadores da Câmara angrense, de representantes do Ministério de Minas e Energia e de secretários municipais de Angra e Paraty.

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