Protesto no Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher no Rio | Foto Fernando Frazão/Agência Brasil

O novo boletim da Rede de Observatórios Elas Vivem revela que a cada 15 horas uma mulher foi vítima de violência no Rio de Janeiro em 2023. Infelizmente as cidades de Angra dos Reis e Paraty aparecem mal no registro de violência feito pela Rede no ano passado. Nas duas cidades da Costa Verde fluminense, 14 mulheres foram alvos de violência ano passado e em Angra, houve dois feminicídios.

O novo boletim ‘Elas Vivem: liberdade de ser e viver’, produzido pela Rede de Observatórios da Segurança, está sendo divulgado na véspera do Dia Internacional da Mulher. O Rio quase dobrou os números de violência contra mulheres em quatro edições do relatório – de 318 casos em 2020 para 621 em 2023. Foram 99 casos de feminicídios em todo estado, sendo 72,7% das vezes o autor do crime um parceiro ou ex-parceiro. A capital concentrou os maiores registros: 206 vítimas de violência, sendo 35 feminicídios.

Destacam-se também o maior número de mulheres mortas por arma de fogo (30) – ao contrário dos demais estados, que tiveram crimes majoritariamente praticados com armas brancas – e o maior número de feminicídios praticados por agentes do Estado (4).

Na Região Sul do estado, 94 mulheres foram violentadas, sendo 10 feminicídios registrados. Barra do Piraí (25) e Barra Mansa (21) são as cidades acima de 20 casos de violência. Já nos números de feminicídios, Angra dos Reis, Barra Mansa e Volta Redonda aparecem no topo do perverso ranking com duas vítimas cada.

Há quatro anos, a Rede de Observatórios monitora informações sobre as violências praticadas contra mulheres noticiadas em veículos de comunicação. Nesta edição, além do Rio de Janeiro, são avaliados os números e registros de Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí e São Paulo.

Desde 2020, a Rede de Observatórios traz à tona os números que representam as vidas de mães, irmãs, tias, sobrinhas, amigas, colegas de trabalho e tantas outras mulheres que foram ou continuam sendo subjugadas e vitimizadas por uma força que não aceita sua liberdade de ser e viver. Além disso, a instituição reforça que não existe combate à violência sem pesquisa e investigação. As políticas públicas são capazes de evitar violências e preservar vidas. Muitas mulheres vitimadas poderiam ter sido salvas, assim como os ciclos de violência interrompidos, se houvesse uma intervenção efetiva de um Estado que insiste em negligenciar os dados e dificultar o caminho das vítimas.

— São as memórias que sustentam o grito entalado de indignação e a cobrança por justiça. A mobilização contra o feminicídio e outras formas de violência salva vidas. Nós já perdemos mulheres demais, e ainda perderemos. É a denúncia incansável que preservará a vida de tantas outras — disse a jornalista Isabela Reis, que assina o principal texto desta edição do relatório.

Eventos de Violência nas cidades do sul do estado – 2023
Barra do Piraí 25 | Barra Mansa 21
Resende 14 | Valença 11
Angra dos Reis 8 | Paraty 6
Itatiaia 5 | Piraí 2 | Pinheiral 1 | Quatis 1

Feminicídios registrados em cidades do sul do estado
Angra dos Reis 2 | Barra Mansa 2
Volta Redonda 2 | Barra do Piraí 1
Piraí 1 | Quatis 1 | Valença 1

A íntegra do relatório pode ser acessada aqui.

Metodologia — Os dados são produzidos a partir de um monitoramento diário do que circula nas mídias sobre violência e segurança. As informações coletadas de diferentes fontes são confrontadas e registradas em um banco de dados que posteriormente é revisado e consolidado.

A Rede de Observatórios é uma iniciativa do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC) dedicada a acompanhar políticas públicas de segurança, fenômenos de violência e criminalidade em nove estados. Atuamos na produção cidadã de dados com rigor metodológico em parceria com instituições locais e sociedade civil. O objetivo é monitorar e difundir informações sobre segurança pública, violência e direitos humanos.

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