O pré-candidato do Partido da República (PR) à Prefeitura de Angra, o ex-vice-prefeito Aurélio Marques (foto) realiza evento público neste sábado, 25, a fim de lançar oficialmente sua pré-candidatura. É aguardada a presença do presidente estadual da legenda, o ex-governador Anthony Garotinho, outrora sócio de todas as empreitadas da família Jordão na política angrense. Espera-se dele e do próprio Aurélio, um discurso que os distancie, neste momento, da pré-candidatura de Fernando Jordão (PMDB) à Prefeitura. Digo ‘neste momento’ porque, em entrevista exclusiva à edição impressa do Tribuna Livre, o próprio Aurélio admitiu a possibilidade de acordo entre os dois partidos na eleição de Angra. É esperar para ver.

De qualquer forma, a entrada de Aurélio no páreo é bem vinda para o processo político municipal, marcado nos últimos 20 anos por uma polarização que empobrece o debate sobre o futuro da cidade. Escrevi sobre isso num editorial para a edição impressa do Tribuna Livre, que reproduzo a seguir:

A necessidade de uma terceira via

Com os movimentos políticos vistos nas últimas três semanas, que envolveram os que até aqui são considerados os real competidores das eleições municipais de Angra, começa-se a acreditar, ainda que discretamente, na possibilidade de haver uma terceira via na disputa eleitoral de outubro. Digo começa-se porque, como sabemos, a política em Angra é tão ‘dinâmica’, por assim dizer, que não temos nenhuma garantia de que o quadro que vemos hoje será mantido amanhã. A despeito dessa possibilidade, porém, é oportuno listar argumentos para defender a necessidade de uma terceira via nessas eleições.

Começo citando os desafios que estão diante de Angra dos Reis para os próximos anos. De todos, o mais preocupante é a eventual queda de receita. Seja pela redução das atividades do terminal de petróleo da Baía da Ilha Grande, seja pela disputa em torno dos royalties de petróleo, parece certo que a cidade sofrerá decréscimo em suas receitas nos próximos anos. Se não isso, pelo menos não haverá aumento considerável, que acompanhe o ritmo imposto pelos gestores mais recentes aos gastos públicos, sobretudo com a máquina. Só isso já deve preocupar a cidade.

Além dessa questão, porém, Angra vive outro desafio importante na área da Educação. Seu sistema de ensino parece agora estrangulado e incapaz de qualificar bem os seus habitantes. O resultado é a perda de postos de trabalho para ‘estrangeiros’, gerando pressão imobiliária e migrações muitas vezes indesejada. Sem contar no efeito nefasto da violência, outra nesga que merece atenção.

Finalmente temos que enfrentar, nos próximos anos, verdadeiramente, a questão da falta de saneamento, os problemas de trânsito e transporte e o nosso complicado sistema de saúde, que, neste momento, precisa de uma revisão geral que o torne mais integrado, ágil e capaz de dar solução aos reclames da população.

Diante destes problemas me parece oportuno e necessário ouvirmos novas propostas. Os dois modelos de gestão que comandam Angra há quase 30 anos já têm o seu histórico bem definido. Num privilegiou-se a infraestrutura e o serviço público, noutro, o urbanismo. Ambos entraram e saíram sem dar cabo de planejar a cidade para o momento que estamos vivendo agora, com os desafios e problemas já citados. Seria bom que a cidade tivesse alternativa.

É cedo para dizer se haverá, ou não, uma ‘terceira via’. A política em Angra é dinâmica. Se não houver, no entanto, que os contendores saibam ao menos que a cidade precisa de mais.

(Publicado antes na edição impressa do Tribuna Livre)

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