Um novo acordo, que desta vez envolve a prefeitura de Angra e a Eletronuclear, poderá tornar possível investir mais R$ 36 milhões na sonhada obra de despoluição da praia do Anil, no Centro de Angra dos Reis. Um Termo de Compromisso assinado nesta sexta-feira, 20, foi divulgado como pontapé inicial do investimento. De acordo com o governo municipal, a obra de limpeza da praia e uma intervenção para captação de água do Rio Mambucaba, fazem parte de um entendimento para a liberação da licença de construção do novo depósito de armazenamento de rejeitos radioativos na Central Nuclear de Itaorna, onde estão as usinas Angra I e Angra II.

— A Eletronuclear, por meio de condicionantes, tem uma dívida com o município de mais de R$ 200 milhões e o recurso para essas obras virá deste montante. A despoluição da praia do Anil é um sonho de todo angrense. É nosso cartão postal e queremos devolver (a praia) a todos os munícipes e aos turistas que visitam a cidade – destacou Mário Reis, presidente do Instituto Municipal do Meio Ambiente.

A despoluição da praia do Anil é a principal promessa no setor de saneamento básico nos últimos 20 anos em Angra dos Reis. A praia está sem condições de uso há pelo menos 30 anos, quando o crescimento desordenado da região central da cidade aumentou o despejo de esgoto in natura no local. Pelo menos quatro iniciativas de despoluição já foram iniciadas sem concluir o projeto. Há 10 anos, em 2009, a prefeitura chegou a realizar uma dragagem no local, retirando mais de 40 mil metros quadrados de lodo do fundo da praia, para permitir que a natureza recuperasse a balneabilidade no local. Porém, como o descarte do esgoto não cessou, a poluição continua. Paralelo a este novo compromisso, desde 2014 a prefeitura realiza obras de coleta do esgoto na região central e breve deve inaugurar uma nova estação de tratamento na Praia da Chácara.

Prazos — As duas obras que fazem parte do novo compromisso consumirão R$ 46 milhões, dos quais R$ 36 milhões serão para a despoluição da praia. Nos próximos seis meses, a Eletronuclear e a prefeitura (por meio do Serviço Autônomo de Água e Esgoto), têm seis meses para elaborar os projetos, contratar e viabilizar a execução dos investimentos. Não há previsão para o início e nem para o fim das obras, que dependem de questões burocráticas e de liberação efetiva de dinheiro.

O prefeito Fernando Jordão (MDB) justificou a liberação da licença prévia para o novo depósito de rejeitos dizendo que ‘não queria atrapalhar’ o funcionamento da usina Angra I e por isso decidiu assinar o termo de compromisso, o que consiste na autorização para a construção do novo espaço.

— Liberamos a licença porque senão íamos ter problema com Angra I, que poderia até parar e isso não podíamos permitir. Esta unidade gera energia e paga impostos ao município, fizemos isso confiando na Eletronuclear e ela assumindo um compromisso por escrito com a cidade, de liberar mais estes recursos para a praia do Anil e para a água de Mambucaba — defendeu o prefeito.

Empregos — A construção do novo depósito poderá gerar 200 vagas temporárias de emprego e o prefeito solicitou que esses profissionais sejam contratados por meio do Banco de Talentos da prefeitura.

— As empresas já estão chegando para a montagem do canteiro. Com a licença em mãos o processo será mais rápido. — garantiu João Antônio de Arruda, técnico de construção civil, que representou a Eletronuclear na assinatura do termo de compromisso realizado na sede do governo municipal, no Centro da cidade.

Fotos: Reprodução + Wagner Gusmão/PMAR

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