O ano era 1999.  Para batizar a criação de um método que facilitaria o trabalho colaborativo e também as reuniões empresariais efetuadas por computadores, o americano Brian DeKoven escolheu intitular essa possibilidade de ‘coworking’. Em 2005, outro cidadão dos Estados Unidos, Brad Neuberg, resolveu utilizar o método na prática, aglutinando colegas para trabalhar num espaço compartilhado.

Daí para a alternativa ao emprego formal ou até mesmo ao home-office chegar ao Brasil foram três anos. A primeira loja colaborativa foi montada em São Paulo, mas hoje, elas já se espalham por todo o país. Inclusive em Angra dos Reis, onde o Espaço Cool e o Coworking Rodrigo Santoro dividem as atenções e curiosidades de muitos angrenses que ainda não têm uma ideia formada quanto ao assunto. Ainda.

 

A necessidade faz os sapos pularem… Juntos

 

Para a empresária e artesã Thaís Miranda Jonko, de 29 anos, uma das pessoas à frente do Espaço Cool, a chance de testar o novo modelo comercial de trabalho apareceu por conta de dificuldades muito conhecidas por todos que se aventuram na luta por um negócio próprio.

– Tudo começou a partir da necessidade de ter um espaço para conseguir comercializar minha marca de bijuterias. Ter uma loja física em Angra, sozinha, está sendo inviável pelo alto custo – explica Thaís.

O espaço colaborativo angrense surgiu então em setembro deste ano, no centro da cidade, e logo, a empresária viu que não estava sozinha nessa empreitada por novas possibilidades profissionais. Hoje, três meses depois de inaugurado, o lugar conta com 18 marcas, onde cada uma paga um valor mensal que dá direito a um espaço para expor produtos – araras, prateleiras e paredes, entre outras opções.

O tempo de contrato no Espaço Cool é de três meses, e os responsáveis pelas marcas também pagam uma taxa administrativa que serve para investir em marketing, meios de pagamento e vendedor. Os clientes têm a possibilidade de comprar com dinheiro ou cartão de crédito/débito.  É realmente inovador, mas mantendo certas facilidades do comércio mais tradicional.

– Estamos falando de um espaço físico coletivo para dar oportunidade a pequenos empreendedores que geralmente não conseguem se manter no mercado varejista por seu alto custo. Ele oferece vantagens por ser um tipo de comércio criativo, concentrando diversas marcas no mesmo ambiente, onde o empreendedor consegue ter uma loja física sem precisar estar nela e ganha tempo para produzir, empreender e cuidar de outras funções com mais liberdade – resume a empresária do Espaço Cool.

 

Colaboração entre o útil e o agradável

 

Outra história parecida com a de Thaís é a do empresário Rodrigo Santoro, 33 anos, proprietário do coworking que leva o mesmo nome do criador. Também funcionando estrategicamente no Centro, o espaço foi aberto em setembro de 2017, sendo o primeiro do tipo em Angra. O motivo da iniciativa pioneira no município? Um cenário nada positivo.

– Ao ver muitas pessoas fechando suas portas, vi que em Angra não existia qualquer tipo de coworking. Eu estava precisando de uma sala grande para as minhas reuniões, e aí, resolvi juntar o útil ao agradável: foi quando nasceu o primeiro estabelecimento colaborativo da cidade – conta Rodrigo.

As regras do “Coworking Rodrigo Santoro – Seu Escritório Compartilhado” são simples. Todos que participam do espaço têm deveres e direitos básicos, podendo usufruir do local pagando apenas o valor previamente acordado – sem custos adicionais. Ele oferece vagas para parceiros fixos e também não fixos, além de contar com uma sala de reunião completa para eventos extra.

– O coworking gera economia e networking.  Acredito que seja algo da evolução, que surge por uma necessidade de baixo custo, já que vivemos em um país gerador de dificuldades e burocracias. O coworking veio para flexibilizar – declara Rodrigo.

 

Experiências e mantras

 

Mesmo tendo posteriormente partido para um modelo de trabalho mais tradicional, a advogada Bárbara Di Sarli, de 29 anos, é uma das que tiveram uma ótima experiência relacionada aos espaços colaborativos na cidade. Ela conta sobre suas impressões ao Tribuna Livre Angra e enxerga diversos pontos positivos quanto ao novo modelo de trabalho.

– Apesar de a advocacia possuir uma imagem extremamente séria e formal, é a profissão mais dinâmica que existe. O estilo dinâmico do coworking tende a impulsionar ideias, criar networking e melhorar bastante a relação entre advogado e cliente. Obtive excelentes resultados quanto à produtividade. Trabalhar perto de outros profissionais é muito interessante, possibilita o compartilhamento de conhecimento e torna a rotina menos estressante e monótona – diz a advogada, antes de continuar.

– O valor do investimento e a flexibilidade de contrato do modelo também são vantagens fortes. A burocracia das salas individuais muitas vezes afasta os profissionais. Para mim foi uma experiência única e rendeu ótimos frutos. Definitivamente, é o que há de mais moderno e vantajoso para autônomos – conclui Bárbara.

Depoimentos como o da advogada não são difíceis de obter em se tratando dos espaços colaborativos. De acordo com a empresária Thaís Jonko, do Espaço Cool, a resposta da população tem sido ótima.

– Todos, clientes e proprietários de marcas, estão adorando. A frase que mais escuto é que faltava um espaço como o Espaço Cool em Angra dos Reis, que muitos veem como inovador e criativo.

Ainda existe um longo caminho para o total estabelecimento dos espaços colaborativos no Brasil e no mundo. Ainda assim, parece que os primeiros contatos vêm superando as expectativas. Para essa turma, que não cansa de acreditar em outras alternativas de comércio e de negócios, resta repetir uma frase proferida por Thaís, como uma espécie de mantra: colaborar é maior do que competir.

 

Por Hugo Oliveira

Fotos: divulgação

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