O prefeito de Angra dos Reis, Fernando Jordão (MDB), ouviu promessas de desenvolvimento e geração de empregos na cidade, vindas do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, em encontro nesta segunda-feira, 3, no Rio de Janeiro. Jordão e ex-metalúrgicos da Fundação dos Trabalhadores do Estaleiro Verolme (Funtresve) foram recebidos por Albuquerque e pelo presidente da Eletronuclear, Leonam dos Santos, para discutir projetos na área naval e a retomada das obras da usina nuclear Angra 3, praticamente paralisadas desde 2016. De acordo com a prefeitura de Angra, o encontro renovou as esperanças da cidade.

O ministro assegurou que os planos do governo federal e da Petrobras preveem investimentos de até R$ 1,5 trilhão no setor de petróleo e gás, a partir de três leilões de áreas de exploração previstos para o segundo semestre deste ano. Os leilões poderão dobrar as reservas brasileiras de petróleo e demandarão a construção de pelo menos 20 unidades flutuantes de produção, armazenamento e transferência (os navios-tanque do tipo FPSO), além de plataformas. A contratação destes investimentos pode começar a partir do ano que vem. De acordo com o ministro Bento Albuquerque, que é almirante da Marinha do Brasil, o mercado já está ciente dos planos da União e se prepara.

— As empresas já podem se preparar para estas construções. Os estaleiros nacionais vão ser reaquecidos naturalmente, gerando emprego e recursos para melhor remunerar os trabalhadores — acredita o ministro.

Bento Albuquerque também ressaltou a estima do presidente Jair Bolsonaro (PSL) por Angra dos Reis, cidade sempre lembrada em seus discursos. Fernando Jordão aproveitou para fazer um convite ao ministro e ao presidente, que têm planejada uma visita às usinas nucleares, uma passada também no estaleiro Brasfels, em Jacuecanga.

— Temos a melhor mão de obra metalúrgica do Brasil e precisamos voltar a gerar emprego para superar a crise. Estamos otimistas com esta proposta do governo Bolsonaro para o setor naval — destacou Fernando Jordão.

Sondas — A prefeitura não informou se, durante a audiência, foi cobrada uma solução negociada para as sondas da empresa Sete Brasil, iniciadas em 2014 e paralisadas no estaleiro. Só a retomada destas construções geraria de imediato mais de 2,0 mil empregos diretos no estaleiro. Desde 2016, busca-se uma solução mediada pelo governo federal para dar fim aos projetos. Uma das sondas em construção no estaleiro já tem mais de 70% da obra concluída.

Contrapartidas de Angra 3 — Em outro trecho do encontro, o prefeito angrense tratou diretamente dos investimentos sociais da Eletronuclear na cidade. Afetada por uma crise de confiança e financeira, a estatal que administra as usinas nucleares de Angra suspendeu os repasses aos municípios desde 2016, tão logo a obra de Angra 3 foi suspensa. Neste momento, a empresa está em tratativas para o licenciamento de uma Unidade de Armazenamento para os rejeitos nucleares das usinas.

Para prosseguir com o licenciamento, o prefeito Fernando Jordão  pediu que a empresa invista R$ 5 milhões na reestruturação das unidades de saúde do Parque Mambucaba e do Frade, o que teria sido visto de forma positiva pelo presidente da empresa, Leonan dos Santos.

Jordão também pediu a liberação imediata de pelo menos 20% das contrapartidas de Angra 3, avaliados em R$ 230 milhões, para serem aplicados no saneamento da Praia do Anil, no

Centro de Angra, e na rede de captação e distribuição de água do Parque Mambucaba. Estes projetos estão sendo debatidos com a empresa desde 2010, quando teve início o licenciamento ambiental da nova unidade nuclear brasileira. Tanto o ministro como o executivo da Eletronuclear prometeram analisar os pedidos. Sabe-se, porém, que, com as finanças seriamente abaladas, a empresa não tem feito grandes aportes de recursos fora de sua atividade-fim.

Fotos: Divulgação/PMAR

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