Apesar de ter sido inaugurado em janeiro de 2014, praticamente só agora, em 2017, o Hospital Geral da Japuíba passou a existir de fato, inclusive com estrutura própria e organograma. Desde janeiro à frente da unidade, o ex-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Sebastião Faria, pilota uma espécie de revolução silenciosa que já exibe resultados significativos como a realização de 800 procedimentos cirúrgicos em menos de 5 meses e a criação de comissões internas de eficiência e controle de resultados. Para Faria, a abertura do Hospital da Japuíba não foi um erro, mas a maneira como isso foi feito, ele define como coisa de ‘amadores’.

— Minha impressão é que abriram apenas com a cara e a coragem, sem nenhum planejamento. As compras eram feitas pela Santa Casa. Foi uma coisa de amador. Quando assumi aqui, em janeiro, o cenário era caótico, um desafio enorme — revelou Faria.

Entre os gravíssimos problemas que encontrou ao assumir, Faria destaca a inexistência de contratos do hospital com os fornecedores e a própria clandestinidade da unidade, além de parte do efetivo em férias e até elevadores desligados já há mais de um ano, ele diz. Como o HGJ não tinha sequer um registro, as compras eram feitas pela Santa Casa de Misericórdia, numa situação que poderá gerar graves problemas para os gestores anteriores da saúde municipal. Em dezembro de 2016, a Câmara Municipal aprovou a criação da Fundação Hospital Geral da Japuíba, cortando a relação estranha que havia entre a prefeitura e a Santa Casa. Agora, segundo Faria e o diretor médico Rodrigo Mucheli, que assumiu no início de maio, o HGJ pode andar com as próprias pernas.

— Sem falsa modéstia, o Hospital hoje está muito melhor do que quando encontramos. E vai melhorar ainda mais — garante Faria.

A autonomia administrativa conquistada significa gerir um hospital com 10 mil metros quadrados, capacidade para quase 200 leitos e cinco salas de cirurgia. Excelência que, claro, custa muito dinheiro. Quando foi aberto, em 2014, o HGJ deveria consumir quase R$ 75 milhões por ano, dos quais a metade vem de repasses do Ministério da Saúde, do governo federal. Desde sua abertura, o município arca com a outra metade que, dependendo do período pode superar os R$ 40 milhões por ano. Para o secretário hospitalar, somente uma nova pactuação com a União e o envolvimento do Estado e dos municípios ao redor pode assegurar receitas para manter este nível de despesas.

Cirurgias — O secretário Faria aposta que, em poucos meses, o angrense já não precisará sair da cidade para executar a maioria dos procedimentos cirúrgicos. As exceções serão serviços de intervenção cardíaca e oncologia, esta regulada pelo Instituto Nacional do Câncer (INCa). A estrutura do HGJ supera em muito à do antigo endereço de Faria, o Hospital São João Batista, em Volta Redonda, onde ele ficou por oito anos, após uma vida na CSN e atuações no Detran/RJ e na prefeitura da Cidade do Aço. Faria foi o último presidente da Companhia antes da privatização, em 93. De cada função dessas adquiriu obstinação e práticas de um bom gerente. Sua rotina inclui blitzes regulares em vários departamentos do hospital, inclusive nos finais de semana. Interessado, ele chega a ligar para os médicos para saber sobre plantões ou se procedimentos foram cancelados por falta de insumos.

— Nada se consegue sem presença. Presença e sensibilidade com os pacientes. Não adianta só teoria. Acredito que tem que ter presença e cobrança constantes — diz Faria. O próprio Mucheli revela que alguns funcionários e até mesmo os médicos ‘estranharam’ o rigor da nova direção.

Mudanças — Entre as mudanças mais importantes no dia a dia do hospital estão a cria- ção da comissão de controle de infecção hospitalar que, mesmo obrigatória, não existia até o ano passado, e os estatutos e regulamentos internos. Além disso, os serviços antes sem contratos, estão sendo licitados e contratados. Aliado a algumas mudanças pontuais, inclusive na emergência, Faria acredita que em poucos meses, a população terá ainda mais confiança na capacidade do HGJ.

HOSPITAL DA JAPUÍBA TERÁ MATERNIDADE PÚBLICA

Coube ao Tribuna Livre divulgar, em primeira mão, a notícia de que o Hospital Geral da Japuíba terá uma maternidade pública ainda este ano. O próprio secretário hospitalar, Sebastião Faria, confirmou quando perguntado, que há uma decisão do governo municipal a respeito da abertura deste serviço na Japuíba.

— Perguntaram para mim: ‘dá para colocar a maternidade aqui?’. Eu disse que dá, então vai dar. É uma decisão superior que já está tomada, que não me cabe questionar os motivos e que não tem nenhum impedimento de natureza técnica — afirmou Faria, lembrando que no São João Batista, em Volta Redonda, o espaço era equivalente à metade do HGJ e comportava não apenas a emergência, como a maternidade e a UTI neonatal.

Quatro dias depois de a notícia ter sido publicada no site Tribuna Livre, o secretário de Saúde, Gustavo Villa, confirmou a informação em reunião pública na Câmara Municipal, já diante dos funcionários da Santa Casa, temerosos de demissões e do eventual fechamento do outro hospital da cidade. A abertura da nova maternidade causa este risco.

Nos bastidores do governo, o próprio prefeito Fernando Jordão (PMDB) teria queixado-se, inclusive ao secretário Faria, sobre a forma como a notícia foi divulgada.

A expectativa de Sebastião Faria é concluir a fase de contratação de serviços do Hospital da Japuíba em no máximo quatro meses. Até o final de julho, ele acredita, o HGJ já estará apto a receber o serviço de maternidade, caso a intenção do governo municipal não seja alterada.

Esta matéria foi publicada antes na edição impressa do Tribuna Livre.

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