Durante a pandemia, Angra abriu vários serviços de atendimento ao público | Foto: Divulgação/PMAR

Enquanto a prefeitura de Angra dos Reis trava uma luta quase inglória contra o avanço do novo coronavírus — que na cidade já matou mais de 100 pessoas — usuários da rede de postos do programa Estratégia de Saúde da Família (ESF’s) sofrem com a falta de médicos e, em alguns casos, até de medicamentos. A prefeitura de Angra admite que faltam profissionais para manter todos os serviços que deveriam estar sendo prestados nos ESF’s e diz que a pandemia prejudicou os planos de recomposição dos efetivos profissionais.

O município também argumenta que, exatamente por causa da pandemia, obedeceu a orientação do Ministério da Saúde para suspender as atividades de rotina nestas unidades a fim de evitar as aglomerações. Só que a falta de médicos já era relatada pelos moradores de alguns bairros antes mesmo do início da pandemia. Em março, por exemplo, o Tribuna Mambucaba registrou que moradores da Vila História de Mambucaba (foto) promoveram um encontro para avaliar e se queixar contra a falta de profissionais nos módulos ESF’s 2, 4 e 5 e no ‘Postão de Mambucaba’. O vereador Zé Augusto (Progressistas) disse na ocasião que desde 2018 cobra a composição integral do postos, onde há relato da falta de insumos, médicos e dentistas.

Antes da pandemia: Vila Histórica se queixava da falta de médicos

Para muitos usuários, enquanto as atenções da prefeitura e os investimentos estão voltados apenas para a pandemia, pessoas podem morrer de doenças que precisam de atendimento e cuidados regulares como o diabetes e a hipertensão. Para piorar, os médicos estão indo aos postos mas não estariam fazendo os atendimentos.

— As outras doenças também matam e o povo está sofrendo pela falta de rotina nos Centros de Especialidades (CEM’s). Gostaria de saber quando o prefeito e o secretário de saúde vão liberar as consultas nos ESF’s — questionou um morador da Japuíba.

A pedido do Tribuna Livre, a secretaria de Governo de Angra enviou uma nota admitindo que os postos ESF’s estão atendendo ‘com algumas restrições’ e que nem todos os serviços foram suspensos. O município também informou que não há previsão para ‘a normalização dos atendimentos’.

Por orientação do Ministério da Saúde foram suspensas agendas eletivas, que podem esperar e serem remarcadas. Foram mantidos serviços essenciais como vacina, pré-natal, primeira consulta do recém-nascido, liberação de receitas para hipertensos e diabéticos, atendimentos de hipertensos e diabéticos com a doença descontrolada, renovação de receitas de pacientes psiquiátricos, atendimento de pacientes com câncer e preventivos de mulheres com suspeita ou com propensão a desenvolver câncer. Neste momento, as equipes das EFSs estão envolvidas em tarefas relacionadas ao novo coronavírus, como realização de testes rápidos em domicílios e monitoramento do quadro clínico dos pacientes por telefone e presencialmente. Ainda não há uma data oficial para a normalização dos atendimentos — explicou a prefeitura de Angra.

Fotos: Arquivo

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