O anúncio de que a empresa Technip desistiu de construir em Angra sua segunda fábrica de tubo flexíveis no país, optando por construi-la no Porto do Açu, em São João da Barra, norte fluminense, frustra o desejo dos angrenses de ver um novo setor de sua economia ser aquecido com investimentos e empregos, e representa um baita revés político para o prefeito de Angra, Tuca Jordão (PMDB), aparentemente induzido ao erro de confiar nas palavras da empresa francesa e, ao que parece, do próprio governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), avalista do acordo anunciado com festa em janeiro deste ano, quando o próprio Cabral defendera a escolha por Angra de forma enfática.

A decisão também expõe parte de uma face ainda obscura a respeito do processo de tomada de decisões no mundo dos negócios. Como dito acima, em janeiro, no Palácio das Laranjeiras, sede do Governo do Rio, o presidente mundial da Technip, Thierry Pilenko, e os diretores da empresa, afirmaram e justificaram com clareza a opção por Angra, apontada até então como melhor sítio para o empreendimento. Como justificativas, a localização estratégica, o apoio do Governo Municipal e do Estado e os investimentos em curso no porto angrense. Um vídeo com imagens de Angra foi exibido e Sérgio Cabral exaltou a atuação de Tuca como espécie de artífice da vitória. Hoje, vê-se que era balela, ‘conversa pra boi dormir’ e que a decisão anunciada ainda não era definitiva.

Sabe-se lá quanto tempo depois, o mesmo Cabral possa ter incentivado a escolha de outra sede para as instalações da empresa que, agora, justifica-se dizendo que Angra não tem área suficiente para tal. Bobagem. Ou devemos crer que uma empresa deste porte, gigante mundial em sua área de atuação, participou de um anúncio desta natureza sem um estudo prévio do local pretendido para a obra? Se o fez deu uma bola fora.

Existem muitos elementos e componentes não revelados nesta história e poucos dirão que o empresário Eike Batista, mentor do complexo do Açu, não seja um benemérito do Rio, cujo poder de persuasão deva ser, digamos, ao mínimo, convincente.

A pior parte do episódio, claro, sobra para a população angrense e, por extensão para o Governo Municipal. A cidade continuará ainda à mercê de outros setores cuja intervenção é majoritariamente dependente de políticas de Brasília e que formam um tripé não raro claudicante e que deixam a cidade ainda incapaz de aproveitar todas as oportunidades e os poucos recursos de que dispõe.

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