Um sistema de bandeiras coloridas, com graus variados de isolamento social, vai orientar a reabertura gradual do comércio e dos demais negócios em Paraty a partir da semana que vem. O modelo é semelhante ao que já foi adotado no Rio Grande do Sul e será editado pela prefeitura a partir desta quarta-feira, 27.

De acordo com o prefeito de Paraty, Luciano Vidal (MDB), a prefeitura também encaminhará a sugestão de reabertura ao Ministério Público (MP), respondendo a um questionamento do órgão a respeito das medidas de reabertura do comércio na cidade. Há 15 dias, Vidal teve de recuar na abertura gradual de serviços e das igrejas após uma recomendação do MP.

— Estamos respondendo ao MP, são 21 questões que eles colocam, e nossa secretaria de Saúde vai encaminhar todas as respostas. Tudo está sendo feito com muita calma e bastante cuidado — garantiu o prefeito Vidal em uma de suas transmissões ao vivo pelas redes sociais.

Desde o início da pandemia, em março, Vidal tem feito lives quase diárias. Na sexta-feira, 22, ao anunciar, ainda de forma superficial, o novo sistema de bandeiras, Vidal estava acompanhado do ex-prefeito Casé Miranda (2013/19) que hoje atua na cidade como empresário (foto). Os dois são aliados políticos desde a eleição de 2018.

O sistema de bandeiras desenvolvido para o Rio Grande do Sul foi idealizado com a participação da ONG Comunitas, que tem parcerias também com a cidade de Paraty. O modelo está em vigor no território gaúcho desde o dia 11 deste mês, avaliado regularmente de acordo com o avanço ou não no número de casos da doença. O Rio Grande do Sul é um dos estados brasileiros com menos casos da doença neste momento.

— Quando soubemos deste modelo, que teve o envolvimento da Comunitas, com quem já temos uma parceria técnica, procuramos saber melhor e achamos que é algo que serve para a nossa realidade. Não podemos ficar com a cidade totalmente fechada e a prefeitura entende isso — explicou o secretário de Finanças do município, Leônidas Santana.

Bandeiras do distanciamento social

No Rio Grande do Sul, as bandeiras variam de amarela a preta. Na preta, tudo permanece fechado, na mais clara, há abertura com orientações. A classificação leva em conta não apenas o número de casos e contágio, mas a capacidade do sistema público de saúde. Há regras para determinar a mudança de uma bandeira para outra, de acordo com os dados da secretaria de Saúde. Em Paraty, a bandeira mais favorável será laranja.

— A cidade terá uma bandeira e cada atividade econômica terá sua classificação correspondente. Vamos monitorar semanalmente, abrindo ou fechando as atividades, de acordo com o número de casos e outros indicadores de saúde e assistência na nossa rede de atendimento — explicou Leônidas ao Tribuna Livre.

De modo simplificado, as cores têm as seguintes indicações:

AZUL – risco baixo.
A região encontra-se com alta capacidade do sistema de saúde e baixa propagação da doença.

VERMELHA – risco médio.
Significa que a região está com um dos dois cenários: média capacidade do sistema de saúde e baixa propagação do vírus ou alta capacidade do sistema de saúde e média propagação do vírus.

ROXA – risco alto.
A região encontra-se em um dos dois cenários: baixa capacidade do sistema de saúde e média propagação do vírus ou média/alta capacidade do sistema de saúde, porém alta propagação do vírus.

PRETA – risco altíssimo.
Região encontra-se com baixa capacidade do sistema de saúde e alta propagação do vírus.

Paraty tenta vencer burocracia para criar linha de financiamento própria para empresários

Em outra frente de atenção à economia local, o governo municipal de Paraty corre contra o tempo para se tornar um dos primeiros municípios do Estado a lançar um programa de financiamento com recursos próprios, destinado a oferecer empréstimos a empreendedores e comerciantes de modo a viabilizarem a retomada de seus negócios após a pandemia do coronavírus.

A prefeitura lidera a tentativa de criar este ‘colchão’ de segurança em articulação com bancos públicos. No entanto, o ineditismo da ideia precisa enfrentar a burocracia e a regulação dos bancos, uma vez que a prefeitura não pode, por conta própria, oferecer ela mesma o dinheiro aos interessados.

— Recebemos uma comunicação do Banco do Brasil elogiando a ideia. Queremos colocar dinheiro da prefeitura numa instituição bancária para que ela possa fazer os empréstimos, já que a prefeitura não pode. Só que neste caso os juros deverão ser muito menores como a gente acredita, já que o dinheiro ‘não pertence’ ao banco — resume o secretário de Finanças, Leônidas Santana.

Ainda não há uma data para que a operação seja iniciada. Diante da dificuldade de muitos empresários em terem acesso às linhas de crédito convencionais oferecidas pelo Governo do Estado e o Governo federal, o prefeito de Paraty, Luciano Vidal (MDB), promete que, caso a ideia prospere, a linha de crédito municipal terá muito menos exigências.

Vidal já disse que a prefeitura poderia colocar recursos dos royalties de petróleo para estes empréstimos, uma forma de assegurar uma volta mais rápida às atividades, especialmente para o turismo, setor que é o mais atingido pelas medidas de restrição de mobilidade e que responde por mais da metade da arrecadação própria da cidade.

Fotos: Divulgação

Publicado antes na edição impressa do Tribuna Livre (nº 283)

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