Pareceu duro o teor da entrevista do presidente do Tribuna Regional Eleitoral do Rio de Janeiro, desembargador Nametala Machado, à edição desta segunda-feira, 8, do jornal ‘O Globo’. O magistrado revelou-se disposto a combater os desvãos da política em ano eleitoral, especialmente no interior, onde os braços da Justiça Eleitoral costumam ser bem mais curtos.

Na capital fluminense, as atenções estão sobre os currais eleitorais dominados por milícias, jogo do bicho, narcotraficantes e coisas do gênero. É chumbo grosso! Para a missão, convocou a secretaria de Estado de Segurança Pública e suas Unidades Pacificadoras, que tem mudado o perfil de algumas comunidades antes conflagradas pela violência. As eleições de 2010 poderão ser, por esta ótica, até mesmo a comprovação de que o crime mantém (ou mantinha) mesmo ligações com o Poder, se, nestas comunidades, a votação mudar muito.

Para Nametala, o papel da Justiça Eleitoral é garantir “que o resultado das urnas expresse a vontade popular”, o que parece obvio, claro. Noutra frase de efeito, ele promete trabalhar “para que haja um equilíbrio de forças entre os concorrentes”, de forma que todos habitem um “terreno livre”.

No interior do Estado, o maior desafio é a compra do voto. Ela existe, admite o desembargador. Muitas vezes disfarçada ou direta, a captação ilícita de sufrágio é uma das maiores deturpações do sistema eleitoral brasileiro. Enquanto o voto obrigatório persistir, o sistema se retroalimenta deste desvio. O voto distrital seria outra maneira de coibir a atuação dos candidatos ‘Copa do Mundo’, mas como é o próprio Congresso quem legisla, a proposta ficou para um futuro distante.

Para enfrentar as suspeitas que ainda pairam sobre o TRE, alvo inclusive de uma CPI na Assembleia Legislativa do Rio, o novo presidente vaticina que, em sua gestão no Tribunal, dará tratamento equânime aos contendores. No fundo, dá a entender que nem sempre foi assim.

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