Exposição reuniu relatos de moradores da cidade | Foto: Fotos Incríveis Paraty

A Casa da Cultura de Paraty, o principal centro cultural da cidade histórica, abre nesta sexta-feira, 23, a exposição ‘Para uma história cultural de Paraty: 1945-2019’, uma mostra de longa duração que conta parte importante da história recente do município e estará aberta à visitação até 31 de março de 2024. Organizada pela própria Casa, em parceria com a comunidade, a exposição apresenta uma visão abrangente e envolvente da cidade, destacando as transformações ao longo de oito décadas desde uma época de isolamento geográfico e quase esquecimento até uma redescoberta como patrimônio histórico, cultural e natural.

O recorte temporal escolhido privilegia o momento ainda recente, mas pouco estudado ou conhecido da história de Paraty. As datas contemplam dois marcos históricos: 1945, ano em que a cidade tornou-se Monumento Estadual, e 2019, quando recebeu o reconhecimento de Patrimônio Mundial da Unesco.

— O acervo traz uma abordagem diacrônica, a partir da percepção da necessidade de se rever e retomar a construção de uma historiografia de Paraty e ir ao encontro dos princípios de interpretação da cidade como Patrimônio da Unesco — explica Cristina Maseda, superintendente executiva da Casa da Cultura e ex-secretária municipal de Cultura.

A exposição celebra a história e a identidade de Paraty, a partir de uma perspectiva única das transformações que a cidade vivenciou desde o final da Segunda Guerra Mundial (1945). Lembrando que, até 1970, Paraty esteve praticamente isolada do resto do país, sem ligação rodoviária com os grandes centros, acessível apenas por barcos ou uma péssima estrada na serra de Cunha (SP). Mesmo assim, já era um lugar frequentado por aventureiros e intelectuais.

O lendário Bar do Abel, desde 1958, era uma referência para a boemia de Paraty, onde os artistas terminavam suas noites com serestas regadas a aguardentes locais. Depois, a partir de 1971, com a
abertura da Rio-Santos, os atores Paulo Autran e Maria Della Costa fundaram ali suas pousadas, a Pardieiro e a Coxixo, atraindo mais gente interessante e interessada em descobrir Paraty. Iniciou-se aí uma fase cultural agitada, com produções cinematográficas que culminaram, nos anos 1980, com o filme “Gabriela”, interpretada pela atriz Sônia Braga.

Com curadoria de um coletivo da Casa da Cultura, patrocínio da Petrobras, e apoio da Fundação Roberto Marinho e da Prefeitura de Paraty, a exposição reúne uma coleção impressionante de fotografias, artefatos históricos e documentos que ilustram a vida cotidiana, a arquitetura, as festas locais e as mudanças sociais desse período. Há ainda entrevistas com moradores, artistas, cineastas, escritores, historiadores, que dão seus testemunhos em vídeos. Como extensão do acervo presencial, que ocupa o salão nobre, três salas e o pátio do casarão da Casa da Cultura, 21 QR Codes serão instalados em prédios do Centro Histórico, contando sua história e a ligação com outras décadas.

Assim, turistas, moradores e paratienses poderão contemplar uma narrativa cronológica de um período importante da cidade, descobrindo as raízes e os fatos marcantes que moldaram Paraty ao longo das últimas décadas. Visitar a exposição ‘Paraty: 1945-2019’, afinal, é uma viagem no tempo, que inspira a preservar e valorizar ainda mais esse patrimônio histórico e cultural.

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