O prefeito de Angra dos Reis, Fernando Jordão (MDB), disse na manhã desta terça-feira, 21, que a ação de grupos armados no território do município está ‘insustentável’ e que o governo federal (a quem cabe a segurança no estado neste momento) precisa apoiar fortemente as forças policiais na cidade. Fernando foi ao Rio de Janeiro e em seguida a Brasília, segundo ele para pedir novamente ajuda federal para enfrentar a criminalidade.

— É uma situação que nós não podemos aceitar. Eu estou indignado. A prefeitura tem ajudado a Polícia mas é insustentável como as coisas estão. Precisamos de apoio para a Polícia em Angra dos Reis — disse o prefeito durante entrevista a uma emissora de rádio.

O que provocou a primeira manifestação do prefeito sobre o tema nos últimos dias, foi a ação de bandidos que teriam incendiado um ônibus na noite desta segunda-feira, 20, na entrada do Parque Belém (foto). Desde a sexta-feira, 18, facções criminosas disputam o ‘comando’ do bairro, com tiroteios e intimidação à população. Nos grupos de mensagens instantâneas, houve muitos relatos confirmando a ação de bandidos no episódio do veículo.

— Eles entraram no ônibus, chegaram a dar um tiro para o alto e mandaram a gente descer. Dois rapazes entraram no ônibus e colocaram fogo. Achei que eu ia morrer de susto — relatou uma mulher dizendo ser passageira do coletivo.

Os moradores do Parque Belém relataram ontem pela manhã mais tiroteios, após três dias de enfrentamento entre as facções criminosas. Para piorar, houve depredação aos postes e transformadores de energia elétrica e parte do bairro está sem abastecimento desde o sábado, 18. Equipes da empresa de distribuição ainda não conseguiram restabelecer plenamente o serviço. Nas redes sociais há relatos dramáticos, inclusive de comerciantes. O vice-prefeito de Angra, Manoel Parente (PSD), admitiu que a concessionária de energia não sentiu-se segura para executar os reparos.

Devido a ocorrência de tiroteios e a instabilidade no local, a prefeitura de Angra optou por fechar as duas escolas públicas do bairro e suspendeu os atendimentos nas unidades de saúde locais. As escolas Princesa Isabel e Tânia Rita atendem a 1,6 mil crianças e adolescentes que permanecem sem aulas. Viaturas da Polícia Militar estiveram na entrada do bairro mas, segundo moradores, não houve confronto. Uma das facções criminosas já teria sido ‘expulsa’ da comunidade, que amanheceu com pichações da facção ‘vencedora’ do confronto.

Governo Federal — Na entrevista à rádio, o prefeito Fernando Jordão ainda lamentou não ter sido atendido pelo presidente da República, Michel Temer (MDB). Para o prefeito, a Polícia em Angra está fazendo ‘bom trabalho’ mas precisa de maior efetivo, mais estrutura e reforço. O prefeito chegou a dizer que seria necessário um veículo blindado e apoio de forças especiais para garantir o acesso dos policiais a alguns pontos da cidade.

— Eu já pedi ao presidente até e prometeram ajudar mas a ajuda não veio. A prefeitura está agindo, fazendo a sua parte, mas precisamos de algo a mais para que a Polícia tenha mais recursos materiais para enfrentar o que estamos vendo. A mão da intervenção federal ainda não disse ao que veio em Angra — reclamou o prefeito durante trechos da entrevista.

Nesta terça-feira, 21, o prefeito espera encontrar-se com o coordenador da intervenção federal no Estado e secretário de Estado de Segurança, o general Braga Netto (foto), e em seguida irá a Brasília em agenda que não foi divulgada ainda pela prefeitura angrense.

Fotos: Reprodução + Divulgação/PMAR

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