As autoridades tiveram reações diferentes após a decisão do presidente Michel Temer (MDB) de intervir na área da segurança pública no Estado do Rio de Janeiro. Enquanto em alguns municípios como Angra houve comemorações, existe também quem considere o gesto mais político que efetivo no combate à criminalidade. O próprio alcance da iniciativa ainda não está completamente claro tendo em vista que os planos das Forças Armadas ainda não são totalmente conhecidos. Até este momento apenas nomes foram substituídos na cúpula da segurança do Estado.

Entre aqueles que defendiam a medida mesmo antes da decisão, o deputado federal Marcelo Matos (PHS/RJ) recebeu bem a iniciativa. Ele e mais sete parlamentares assinaram um ofício ao presidente da República pedindo a intervenção ainda em agosto de 2017. Mas Matos não quer que a medida fique restrita à zona metropolitana do Rio.

— A intervenção demorou para chegar. O que nos preocupa é que as ações fiquem apenas na região metropolitana. Tem que haver um cinturão para que os bandidos não migrem para o interior e continuem agindo quase livremente. A intervenção foi uma atitude certa porque o governo do Estado já perdeu o comando há muito tempo — disse Marcelo Matos.

Apoio às polícias — Outro parlamentar que apoia a iniciativa, mas com ressalvas, é o deputado estadual Milton Rangel (DEM). Ele criticou a legislação penal no Brasil que, para ele, é branda demais com os criminosos e que não será alterada mesmo com a intervenção. Não tornar as leis mais severas, segundo Rangel, incentiva a criminalidade.

— O Rio precisava de uma mudança para que o povo voltasse a ter confiança e o bandido fosse intimidado. No entanto, as leis não serão mudadas. Porte de fuzil, por exemplo, tem que ter uma pena muito maior. Outra coisa que precisa mudar é a fiscalização, para evitar que as armas cheguem no Estado. Isso não é atribuição da Polícia Militar. É tarefa do governo federal — avaliou o deputado Milton.

O deputado também criticou as condições de trabalho das forças policiais do Estado, que convivem, na avaliação dele, com equipamentos antigos, pagamento de salários e gratificações atrasados e efetivo insuficiente.

— As Forças Armadas são bem vindas, claro. Mas que não venham para desmoralizar a nossa PM e a nossa Polícia Civil porque eles merecem respeito pelo que têm feito, nas condições em que estão trabalhando — resumiu Rangel.

Propaganda — Já o deputado federal Luiz Sérgio (PT), ex-prefeito de Angra dos Reis, criticou duramente o decreto de intervenção. Em nota enviada ao Tribuna Livre, Luiz Sérgio diz não acreditar que a intervenção traga resultados efetivos. A bancada do PT no Congresso Nacional votou majoritariamente contra a decisão de Temer. Para o deputado angrense, a intervenção seria apenas uma ‘irresponsável peça de propaganda’.

— A intervenção nos traz enorme preocupação. Deveria ser o último recurso a ser empregado, não o primeiro. As Forças Armadas não são treinadas para combater o crime em áreas urbanas. Se o governo federal quisesse mesmo ajudar teria liberado recursos para equipar nossas forças policiais e pagar salários de servidores da área de segurança, por exemplo — avaliou o parlamentar petista.

Prefeito de Angra dos Reis diz que intervenção foi acertada

O prefeito de Angra dos Reis, Fernando Jordão (MDB), considerou acertada a decisão do presidente Temer de intervir na segurança pública do Estado. Fernando esteve com Temer no mês passado, em Brasília, e foi um dos políticos do Rio a apelar para que o Governo federal assumisse o combate à violência. A decisão de intervir no comando da segurança pública fluminense foi tomada no último dia 15 de fevereiro.

— A intervenção federal na segurança do Estado é importante para a retomada da ordem pública e da segurança da população, e foi isso que pedi ao presidente Michel Temer. Quero o reforço policial em Angra e a população dormindo com tranquilidade. Com esta decisão, fico mais confiante de que estaremos mudando o cenário de criminalidade em que vivemos nos últimos meses — acredita Jordão.

No sábado, 17, Fernando e outros prefeitos do Estado estiveram reunidos com Temer e o governador do Rio, Luiz Pezão (MDB), na apresentação do general Walter Braga Neto, interventor e novo comandante das forças de segurança do Rio. Na ocasião, o prefeito angrense e os demais representantes de cidades do interior, reiteraram que a intervenção precisa chegar aos municípios fora da região metropolitana do Rio. O receio é de que, exatamente como aconteceu com as Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), um ‘aperto’ na capital acabe gerando a migração de bandidos para outras cidades. Com a intervenção, o Estado deverá receber até 30 mil militares a mais para patrulhamento, ações de ronda e inspeções em presídios e comunidades consideradas como abrigo de marginais.

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Publicado antes na edição 206 do jornal Tribuna Livre.

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