Tribuna Mambucaba: um bairro com os desafios de uma grande cidade em Angra

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Região de Mambucaba é uma das mais populosas da cidade | Foto: Arquivo/PMAR

Quando o jovem pernambucano Manoel Parente (foto) esteve em Angra dos Reis pela primeira vez, o país vivia o auge do período militar. O sonho do ‘Brasil Grande’, aliás, é o que traz para esta região aquele jovem militar, que chega aqui em abril de 1970 junto com as primeiras equipes que vieram inspecionar o local onde seriam construídas as primeiras usinas nucleares brasileiras. O projeto da usinas aliás, era anterior, do final da década de 50 e foi batizado, não por acaso, como ‘Projeto Mambucaba’. A primeira reação de Parente, então com 22 anos de idade, ao ver a área onde seriam instaladas as usinas foi de certa incredulidade.

— Era tudo muito exuberante. Angra é uma coisa rara no planeta. A gente não acreditava e conhecia pouco sobre usinas. Mas pareceu incrível construir algo assim num lugar tão bonito como aquele — revelou ele ao Tribuna Mambucaba.

Quase 50 anos depois, Manoel Parente é o atual vice-prefeito de Angra dos Reis e uma das testemunhas de como a região no entorno das usinas cresceu e desenvolveu-se a partir da abertura da rodovia Rio-Santos e depois pelo enorme contingente de brasileiros de todos os cantos do país que aqui chegaram para as obras de construção das usinas. Muito deste contingente é o que compôs a base da formação do Parque Mambucaba.

— Depois de 1970 eu estive ainda mais duas vezes em Angra até que em agosto de 1976 voltei ainda como militar, fiz concurso para Furnas, passei e fiquei aqui. De lá para cá, eu praticamente estive envolvido em quase todas as questões sobre o crescimento do bairro, desde o arruamento e a implantação de CEPs, o reservatório de água, até a chegada da telefonia, dos Correios, a chegada de médicos e a construção das unidades de saúde e escolas. Hoje Mambucaba é um bairro com status e carência de município — lembra Parente.

Muito discreto, o vice-prefeito Manoel Parente teve também uma passagem pelo Poder Legislativo, entre 2009 e 2012, após duas tentativas frustradas de eleição nos anos anteriores. Como vice-prefeito de Fernando Jordão (MDB) desde 2017, Parente diz atuar como um ‘articulador’ e uma espécie de ouvidor-geral, filtrando e encaminhando demandas de toda a cidade, sem esquecer, claro, de ‘puxar a brasa para a sardinha’ de Mambucaba.
Parente diz que o bairro está recebendo investimentos importantes e que a prefeitura tem planos para investir ainda mais no ano que vem. Sem fugir das perguntas, o vice-prefeito aproveitou para dar algumas respostas sobre questões e temas importantes para a comunidade. Ele garantiu que as ações da prefeitura vão continuar. Leia os principais trechos da entrevista:

TM — Quais são os maiores desafios da região hoje?
Manoel Parente — É estruturar o bairro para atender às demandas reprimidas como a questão da água (que será objeto de uma parceria com a Eletronuclear para retirada de água do rio Mambucaba), projetos de formação de mão de obra e educação profissional e a saúde, já que nossos módulos de Saúde da Família já estão sufocados, assim como o serviço de emergência, inclusive o hospital de Praia Brava. Mambucaba precisa ser estruturada para atender melhor às suas próprias urgências locais. Além do transporte, que é um gargalo.

TM — O fato de o senhor ser o vice-prefeito ajuda?
MP — Ajuda sim! Se você olhar hoje, em todo município tem obras e ações do governo. E aqui também há muita coisa acontecendo.

TM — A prefeitura acaba de fazer uma pavimentação em várias ruas do bairro. Mas ainda há vias sem calçamento.
MP — Primeiro que é preciso esclarecer que a ideia de fresar o asfalto e colocar pavimento novo era necessária. Até para dar mais durabilidade ao novo asfalto. Temos um projeto já sendo contratado para pavimentar mais 90 ruas em Mambucaba.

TM — Por que a creche da avenida principal ainda não está em funcionamento? Qual a previsão?
MP — O que aconteceu foi que esta creche foi construída pelo governo federal em um padrão antigo de vigilância contra incêndios. Após o incidente do incêndio na sede do Flamengo (em janeiro), as normas de segurança mudaram. Estamos tendo que fazer adaptações para que ela possa ser aberta de forma definitiva no início do ano letivo de 2020.

TM — Há reclamação sobre a falta de médicos nos postos do Saúde da Família. Há previsão de contratar profissionais?
MP — Sim e será o mais rápido possível. O Saúde da Família passou por mudanças e agora o município terá de fazer mais investimentos. Creio que ainda este ano vamos recompor os médicos dos postos e também do pronto atendimento (SPA).

TM — Como o senhor vê o crescimento do comércio e da vida social no bairro? Isso gera pressão por mais segurança.
MP — É muito bom que Mambucaba cresça em negócios. O governo municipal investe no que pode para ajudar o Estado na área de segurança, inclusive com policiais do Proeis atuando no comércio e nas ruas do bairro. Isso será mantido.

O NAC Clínica é uma empresa parceira do Tribuna Mambucaba

TM — Alguma mensagem aos moradores de Mambucaba?
MP — O que eu tenho a dizer é que o morador acredite no potencial de Angra como um todo e que Mambucaba é uma região que cresce porque tem valores, é um local bom de se morar e precisa de pessoas comprometidas e sobretudo bem informadas.

Publicado antes no caderno Tribuna Mambucaba.

  • Fotos: Divulgação / Klauber Valente

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