Análises laboratoriais comprovaram eficiência do reflorestamento | Foto: Luisa Ritter

Um estudo liderado pela Universidade Federal Rural do Rio (UFRRJ), em parceria com o programa PAF (Re) Floresta avaliou os impactos da restauração florestal no estoque de carbono do solo em Rio Claro, no Sul Fluminense. A pesquisa entre os anos 2023 e 2024, investigou 17 áreas, incluindo pastagens, áreas em restauração e matas nativas, buscando entender como a restauração de matas influencia a captura e retenção de carbono no solo. O projeto (Re)Floresta, Água e Carbono é realizado pela Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (Agevap) e financiado pelo Comitê Guandu e o orograma Petrobras Socioambiental.

O foco do estudo foi comparar o estoque de carbono das áreas restauradas pelo PAF com áreas de pastagens e áreas de mata nativa, coletando amostras de solo para análises de carbono orgânico e isotópico. Nas áreas restauradas, foram observados estoques de carbono maiores que em áreas de pastagem e com valores semelhantes aos de áreas de mata nativa, embora ainda abaixo dos níveis esperados para ecossistemas nativos totalmente conservados.

A análise revelou que as plantas florestais nas áreas reflorestadas já estão contribuindo para o estoque de carbono do solo nessas áreas, reforçando a qualidade da restauração implementada. Além disso, as áreas reflorestadas apresentaram níveis de ‘serrapilheira’, uma camada de matéria orgânica composta por folhas e galhos, similares às de áreas de mata nativa, refletindo a evolução da recuperação do solo. Além disso, todas as áreas monitoradas apresentaram uma boa capacidade de manter grandes agregados, essenciais para a resistência à erosão e preservação de nutrientes. As áreas restauradas se aproximam de áreas nativas em termos de qualidade e capacidade de estocar carbono.

Os resultados destacam a eficácia do programa de reflorestamento em promover uma restauração de qualidade, fundamental para a captura de carbono e na luta contra as mudanças climáticas. No entanto, o estudo também reforça que o estoque de carbono no solo das áreas restauradas ainda não atinge os níveis das matas nativas, sugerindo a necessidade de continuar as ações de restauração e conservação de ecossistemas naturais para alcançar maiores benefícios climáticos a longo prazo.

— O projeto mostra a importância da restauração ecológica na mitigação das mudanças climáticas com um papel fundamental na estocagem do carbono. Os programas de pagamentos por serviços ambientais, como o PAF, são incentivos de grande relevância para a restauração de áreas. Ao mesmo tempo, a conservação de ecossistemas nativos, mantendo áreas preservadas, é também imprescindível. Precisamos atuar paralelamente nessas duas frentes para mitigar os efeitos das mudanças climáticas de forma eficiente — afirma Vanessa Matos, uma das pesquisadoras.

A equipe responsável por esse projeto foi liderada pelo Prof. Dr. Everaldo Zonta, com participação de especialistas como o Dr. Marcos Gervásio Pereira e Dra. Vanessa Matos Gomes. Além disso, também há dois bolsistas de Iniciação Científica da UFRRJ presentes: Petrus Gabriel de Freitas Marques e Daniel de Paula Andrade. Assim, o estudo contribui para ampliar o conhecimento científico sobre a importância da restauração florestal no contexto das mudanças climáticas e reforça a necessidade de monitoramento contínuo para avaliar os avanços da captura de carbono nas áreas recuperadas.

O estudo também recomenda a conservação de ecossistemas nativos e o monitoramento contínuo das áreas restauradas para garantir a eficácia das ações de recuperação e o aumento do estoque de carbono do solo, atenuando os efeitos da mudança climática nas regiões cobertas pela iniciativa.

(*) Com informações da assessoria do programa PAF (Re) Floresta.

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