Ao apresentar para a Imprensa convidada e autoridades, na semana passada, a estrutura do novo ‘Observatório Nuclear’, o presidente da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães, disse que é preciso popularizar o conhecimento e dados sobre o funcionamento das usinas de Angra dos Reis. Para ele, quanto mais conhecidas forem estas informações, menos haverá receios e desinformação sobre os riscos da atividade nuclear industrial na cidade. Leonam atribuiu aos muitos anos de campanhas negativas empreendidas sobretudo por ambientalistas, pelo ‘medo’ ainda despertado em relação ao empreendimento. Admitiu também que, por muitos anos, a estratégia de conter informações ajudou a semear uma desconfiança.

— O risco é inerente à vida, mas agente aceita riscos à medida que a gente percebe benefícios. A informação serve para que a população entenda os benefícios das usinas aqui. As pessoas têm que se familiarizar com isso. O Observatório é uma contribuição para tornar familiar as usinas, que afinal, fazem parte do dia a dia da cidade — disse Leonam.

O Observatório é o novo Centro de Informações de Itaorna, que foi reformado e reinaugurado em maio deste ano. Foram oito meses de reforma para modernizar o espaço que agora conta com recursos tecnológicos modernos, como um vídeo wall e algumas telas interativas, além de reproduções da central nuclear de Angra. A empresa pretende que até 40 mil pessoas visitem o local todos os anos, com foco mais especial em grupos de estudantes e nas instituições de ensino da região.

— Nossa disposição de abertura e transparência é total. As escolas são o público preferencial porque o trabalho de comunicação é um trabalho a longo prazo. Além dos professores, que têm um papel fundamental neste processo, as crianças e jovens são um poder multiplicador muito grande, porque disseminam seu conhecimento e informação entre a família e os amigos — defendeu o presidente.

Turismo — Numa breve apresentação, o coordenador de Comunicação Institucional da empresa, Marco Antonio Alves, adiantou que a ideia é ampliar o público que visita o Observatório. A retomada do agendamento regular de visitas de estudantes da rede pública à central nuclear é um dos objetivos. Outro é inserir o espaço em roteiros de visitação turística da Costa Verde. Um dos exemplos a seguir nesta iniciativa é o da usina de Itaipu, no Paraná, cuja agenda de visitação anual é um dos importantes produtos turísticos do Estado.

— Há muito interesse em todo o país para se conhecer o funcionamento das usinas nucleares e claro que a empresa está considerando este público — disse Marco Antônio.

Representantes da Defesa Civil de Angra dos Reis elogiaram a iniciativa as novas ferramentas e deverão incluir em sua agenda de atividades, também a visitação ao novo espaço de informações.

Mudança — O antigo Centro de Informações, que fica à margem da rodovia Rio-Santos (BR-101), surgiu junto com a entrada em operação da usina Angra I, em 1983, e desde então já teria recebido, segundo a empresa, mais de 1 milhão de pessoas. O supervisor do Observatório, José Chahim, crê que as visitas ao espaço tiram mitos e medos que muita gente ainda tem sobre a energia nuclear.

— As pessoas saem com um olhar positivo sobre a segurança da geração nucleoelétrica e sua importância para a sociedade — acredita ele.

Após o convite à Imprensa, a Eletronuclear realizará outros eventos de inauguração do Observatório. Haverá um dia para famílias dos colaboradores da empresa e visita com profissionais de turismo. O Observatório Nuclear está no quilômetro 522 da rodovia Rio-Santos (BR-101). Do local pode-se avistar toda a central nuclear Almirante Álvaro Alberto, onde estão as usinas Angra I e II e o canteiro de obras de Angra III. As visitas podem ser agendadas pelos telefones (24) 3362-9063 / 3362-9770 ou pelo e-mail centinf@eletronuclear.gov.br.

Empresa já pediu a extensão da vida útil da usina Angra I

A Eletronuclear já pediu autorização à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) para iniciar as ações de ampliação da vida útil da primeira unidade construída em Itaorna, a usina nuclear Angra I. Inaugurada em 1984, a usina fará 40 anos em 2024 e, antes disso, pretende ter autorizados os procedimentos de extensão. De acordo com Leonam Guimarães, várias usinas no mundo já tiveram o seu funcionamento prorrogado para além dos 20 anos considerados como primeiro período de sua vida útil.

O presidente da empresa também aproveitou o encontro com os jornalistas para dizer que a importância da geração de energia a partir das usinas costuma ser ‘menosprezado’.

— As usinas de Angra geram 40% da energia consumida no Estado do Rio, que é o terceiro PIB do país. Com Angra 3 vamos alcançar os 70%. É uma energia vital para a economia do Estado e muitas vezes um setor que não é levado em consideração — disse Leonam.

Construção de Angra 3 pode ser retomada a partir do ano que vem

Há otimismo na cúpula da Eletronuclear a respeito da retomada e conclusão da obra da usina Angra 3, paralisada desde 2016. O presidente da empresa, Leonam Guimarães, disse ao Tribuna Livre que nos últimos seis meses foram dados passos importantes nesta direção, sobretudo pelo governo federal.

— Nós hoje temos apoio amplo do governo federal e o ambiente de negócios e tomada de decisões é muito favorável. Mesmo assim é bastante complexo do ponto de vista financeiro. A expectativa é retomar ano que vem, no âmbito de uma parceria internacional — acredita o presidente.

Se reiniciada no ano que vem, o planejamento da empresa é colocar a usina efetivamente em operação no final de 2025 ou início de 2026.

Também empolga a empresa o desenvolvimento de novos empreendimentos de geração de energia envolvendo atividades nucleares em outros Estados. Desde 2006 foram feitos estudos indicando Minas Gerais, Espírito Santo e o Nordeste como áreas prioritárias para este desenvolvimento. No governo Jair Bolsonaro (PSL), a ideia deve voltar à discussão com .

— No plano anterior havia previsão de gerar mais 4 mil megawatts até 2030 (2 mil megawatts no Nordeste). Em setembro, haverá a atualização deste plano até 2050 pelo Ministério de Minas e Energia e certamente a construção de novas usinas nucleares no país será considerada como viável. Não existe equação possível para descarbonizar a geração elétrica sem haver uma combinação entre renováveis e nuclear — defende o presidente da Eletronuclear.

Reportagem: Klauber Valente (da Redação) /  Fotos: Divulgação

Publicado antes na edição impressa do Tribuna Livre (Edição 252).

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