Um visitante desavisado pode desconfiar de que, em Angra dos Reis, já houve a descoberta da cura para a Covid-19. Há mais de um mês a cidade já vive com a maioria das atividades em funcionamento e o chamado ‘novo normal’ que, em relação ao normal anterior, só muda no fato da obrigatoriedade de uso de máscaras, oferta de álcool para higienização e mortos. Mais de uma centena deles. Consequência (ou não) deste clima de aparente normalidade, a cidade também é uma entre as que mais tem casos da doença e onde mais se morre no interior do Estado do Rio. Até esta quinta-feira, 24, eram 109 vítimas fatais. Números que ainda parecem não ter interrompido a alta, a julgar pelos dados da própria secretaria de Saúde.
Apesar das estatísticas, a prefeitura angrense segue incentivando a reabertura. Esta semana avançou em mais liberações, permitindo agora a volta ao funcionamento de clubes e associações esportivas. No início do mês, o governo municipal já havia feito outras aberturas, praticamente acabando com as restrições na maioria dos setores e serviços.
Nas últimas seis semanas Angra tem registrado média de 50 novos casos confirmados de Covid-19 por dia. Os casos suspeitos não confirmados superam os 13 mil. Desde 10 de junho o comércio está liberado e a movimentação de pessoas nas ruas é quase normal. Muitas sequer usam máscaras, apesar de serem obrigatórias. A prefeitura apelidou de ‘Covidômetro’ uma medição em 12 indicadores que monitora o avanço ou recuo dos números da doença.
De acordo com o Relatório de Frequência de casos confirmados da Covid-19 em Angra na terça-feira, 14, os bairros com maior incidência da doença são o Parque Mambucaba (309 casos), Japuíba (243), Frade (241), toda a Ilha Grande (240), Jacuecanga (171), Belém (142), Nova Angra (131) e Areal (110). A Ilha Grande, aliás, é um caso a parte já que mantém índice alto de casos mesmo estando fechada para visitação.
Com o decreto publicado dia 8, foram reabertos serviços como o funcionamento da rodoviária, a liberação para transporte de passageiros em pé nos ônibus municipais e a reabertura de serviços de fisioterapia aquática e natação. Os ônibus municipais foram autorizados a circular com passageiros em pé até o limite de 30% da capacidade.
Rodoviária — Na rodoviária municipal reaberta foram autorizados dez horários diários de partida e chegada das linhas intermunicipais em todos os destinos. Ainda há restrições no tráfego para Paraty por causa da manutenção do isolamento na Cidade Histórica. O uso do cartão do idoso nos ônibus municipais voltou a ser autorizado.
Outra alteração foi a ampliação do horário de funcionamento dos comércios de construção civil, ferragens, madeireiras, serralheiras, oficinas de pinturas e afins, autorizados a funcionar normalmente. Os shoppings e centros comerciais também passam a ter o horário estendido das 12h às 22h. Enfim, a não ser para aqueles que perderam entes queridos para a pandemia, em Angra está tudo ‘normal’.
Fotos: Arquivo/2018
Publicado antes nas edição impressa do Tribuna Livre (nº 287)
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