O prefeito de Volta Redonda, Antônio Francisco Neto | Foto: Arquivo

A decisão do prefeito de Angra dos Reis, Fernando Jordão (PMDB), de compor seu secretariado de primeiro escalão com técnicos oriundos de Volta Redonda chamou a atenção dos angrenses para os resultados da gestão do ex-prefeito Francisco Neto (PMDB) na Cidade do Aço. A convite do Tribuna Livre, o jornalista e editor do jornal LIVRE!, de Volta Redonda, Adriano de Souza, narra um pouco dos resultados alcançados por Neto e sua equipe no comando da maior cidade do Sul Fluminense. Um legado polêmico que, tal e qual em Angra dos Reis, terminou com muita dor de cabeça para o novo prefeito da cidade vizinha.

(*) Por Adriano de Souza
Quando ainda morava em Angra dos Reis, no fim dos anos 80, Angra era administrada por Neirobis Nagae (1989-92) e, na época, vários “forasteiros” fizeram parte de seu governo. O termo usado na época era forasteiro.

Apesar de ter nascido em Angra residi em outras cidades e só retornei em 1988. Eu estranhava aquele termo usado pela oposição na época, a mesma que hoje está na situação. Angra naquela época era muito diferente da cidade em que se transformou hoje. No início dos anos 90 a população era de menos de 100 mil habitantes e a grande maioria estava no primeiro distrito.

Hoje, caminha para os 200 mil e a maioria espalhada pelos outros três distritos. Em um quarto de século a cidade foi administrada por 12 anos pelo PT e depois 12 anos pela família Jordão. Agora retorna de novo a Fernando Jordão.

Por estar muito tempo longe de Angra, não tenho capacidade para falar da política e da economia da cidade e não abordarei estes temas. Tenho propriedade para falar é da cidade de Volta Redonda, onde trabalho no ramo de comunicação há quase 25 anos.

Pelo noticiário soube que vários integrantes do novo governo de Angra foram ‘importados’ do modelo de administração de Antônio Francisco Neto, o ex-prefeito que comandou Volta Redonda por 20 anos. Não sou bairrista a ponto de achar que uma administração não possa chamar gestores de outras cidades. Não aceitava o termo “forasteiro” nos anos 80 e não aceitaria agora, em um mundo totalmente globalizado. O que me intriga é que a administração de Angra importe quadros de qualidade técnica e de gestão muito questionados aqui em Volta Redonda.

Quando ouvi falar em Sebastião Faria para o Hospital da Japuíba, achei normal. Faria, apesar de engenheiro, deixou uma boa marca na gestão do Hospital São João Batista, em Volta Redonda.

Quando soube que o engenheiro Paulo César, o “PC do SAAE” foi administrar a mesma autarquia em Angra, também achei normal. Ele deixou uma boa impressão em Volta Redonda e ainda levou para Angra pessoas que julgo bastante qualificadas.

Mas, o que me espantou e até chocou pessoas na Cidade do Aço foram os nomes escohidos para os setores de Administração (Carlos Macedo) e Fazenda (José Carlos Abreu).

Antes que me julguem, esclareço que não tenho nada contra ou a favor aos dois. Nem os conheço. Falo somente dos resultados que obtiveram como gestores em Volta Redonda, ambos em áreas essenciais.


O modelo de administração que ambos implantaram em Volta Redonda, sob a gestão do ex-prefeito Neto está sendo amplamente questionado. Juntos, eles foram responsáveis pelo que eu chamo de uma verdadeira “farra” em pagamentos de funcionários autônomos (RPAs), contrariando decisões judiciais e fragilizando direitos trabalhistas.

Nos últimos 8 anos, o trio teve apenas dois anos com superávit financeiro, ou seja, fecharam as contas da prefeitura por seis anos no prejuízo. No mesmo período, Neto teve três anos de contas rejeitadas no Tribunal de Contas do Estado, sem contar o exercício 2016.

Há uma semana, quando o atual prefeito de Volta Redonda, Samuca Silva, decretou Estado de Calamidade Financeira, afirmou haver uma dívida de mais de R$ 805 milhões nos cofres públicos da cidade, segundo ele, ainda de forma preliminar.

Em setembro do ano passado, Neto admitia deixar pouco mais de R$ 200 milhões em dívidas, mas o jornal LIVRE! já indicava que seriam mais de R$400 milhões. Quase R$ 1 bilhão de dívidas? Definitivamente, isso não pode ser considerado modelo de gestão.
Não por acaso, esse ‘modelo de gestão’, que agora chegou a Angra com louvores, foi rejeitado nas urnas pelo povo de Volta Redonda. Depois de comandar a política em Volta Redonda, Neto sofreu um NÃO das urnas e sua candidata não foi sequer ao segundo turno. O prêmio para os gestores de Neto foi a prefeitura de Angra dos Reis.

Para encerrar, faço menção a três grandes amigos que já não estão mais aqui, mas com quem tive o prazer de caminhar e aprender. Um foi o ex-presidente da Associação Comercial de Angra, Bento Costa, amigo cuja gestão na entidade empresarial acompanhei. Outro, o ex-vereador Paulo Mattos, com quem estive juntos em seu primeiro mandato. E, finalmente, a Henrique Infante Martins, com quem trabalhei por anos no jornal Opinião, o responsável por meu ingresso na área da comunicação.

Que Deus abençoe a minha querida e amada cidade de Angra dos Reis.

(*) Adriano de Souza é jornalista, diretor da Multimídia Comunicação e editor do jornal LiVRe!, de Volta Redonda.

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