O início da cobrança pela água pelo consumo das residências e estabelecimentos e não mais por estimativa, está causando confusão e protestos em Paraty. Neste mês começaram a chegar aos consumidores as contas da concessionária Águas de Paraty, do grupo Águas do Brasil, sem um desconto que vinha sendo aplicado desde o início da concessão, em 2014. Com isso, algumas contas tiveram o preço corrigido em até 300%. A concessionária se defende dizendo que o início da cobrança pelo real consumo estava previsto no contrato de concessão assinado com a prefeitura de Paraty mas, para os moradores, o preço estaria acima do que é cobrado em outras cidades do mesmo porte.

– Minha conta dobrou mas não é só isso. Minha casa em Paraty fica bastante tempo fechada. Não tenho máquina de lavar e apenas uma faxineira que vai uma vez por semana. Em São Paulo, onde moro, somos três pessoas na casa. Todos os dias tem almoço e jantar com louças para lavar, além de roupas. Como é possível a minha conta de água em São Paulo ser mais barata que em Paraty? – é o questionamento de uma moradora do Centro Histórico.

Segundo esta mesma moradora, que pediu para não ter o nome citado, haveria queixas quanto à qualidade da água ofertada. Ela relatou que antes do início da cobrança pelo consumo pagava R$ 30 mensais e que este mês, o valor da conta será de R$ 70,00.

Outro morador, Jonathas Quintão, disse que o valor pegou os consumidores de surpresa. Ele também relatou a suspeita de que haveria problemas na rede de distribuição, que estaria injetando ar na tubulação, fazendo girar os marcadores de consumo. O caso já foi relatado à Águas de Paraty em reuniões. Apesar de considerar o valor da cobrança alto demais para a cidade, Quintão disse que a distribuição de água teve melhora depois da privatização, com aumento da oferta.

– Neste ponto da pressão da água foi bom, mas estes valores que estão sendo cobrados estão acima da média nacional – argumenta ele.

Nas redes sociais são vários relatos de descontentamento com os valores da cobrança de água. O caso chegou à Câmara Municipal de Paraty esta semana quando a Associação Comercial da cidade (Aciap) tentou promover uma reunião para discutir o assunto. Tentou, porque o número de pessoas interessadas foi tão grande que não houve espaço para abrigá-las na sede no legislativo. A discussão foi adiada para esta quinta-feira, 2, no colégio CEMBRA. O vereador Rodrigo Penha (PROS) acompanhou parte de encontro e disse ao Tribuna Livre que após o reinício das sessões legislativas o caso será debatido pelos vereadores.

– Há uma proposta em discussão para que a empresa esclareça esta questão do ar na tubulação e até mesmo contrate alguma solução para isso. Estamos acompanhando – disse o parlamentar.

Além de negar que a correção nas contas seja um aumento para o consumidor e sim uma mudança na forma de cobrança prevista no contrato, a Águas de Paraty também informou que fez investimentos na rede de abastecimento desde que assumiu a gestão da água e do esgoto na cidade. A empresa destaca as estações de tratamento de água do Corisquinho e da Pedra Branca como essenciais para garantir água de qualidade e em quantidade para atender a área urbana da cidade. Em Paraty, diferente de Angra dos Reis onde existem a Cedae/RJ e o serviço municipal de água (Saae), apenas a concessionária oferece o serviço.

A Águas de Paraty assumiu os serviços de água e esgoto na cidade em 2014 com a promessa de investir, até 2018, cerca de R$ 85 milhões. Por tratar-se de uma Parceria Público Privada (PPP), parte do dinheiro (cerca de R$ 33 milhões) viria do próprio poder público, por meio da prefeitura e da Eletronuclear (como contrapartida pela construção da usina Angra 3). Do total a ser investido apenas R$ 15 milhões seriam feitos de forma direta pela empresa privada no mesmo período. A meta da parceria é tratar 82% do esgoto de Paraty até 2019.

A prefeitura de Paraty ainda não emitiu nota a respeito da queixa dos consumidores sobre a empresa.

Fotos: Reproduções

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