Perigos do inverno: aumento de doenças respiratórias infecciosas e alérgicas

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As baixas temperaturas, registradas nos termômetros das cidades fluminenses e de todo o Brasil, anunciam uma preocupação a mais com a saúde da população. O clima mais frio, típico do inverno, pode desencadear ou até mesmo agravar inúmeras doenças como resfriados, gripe, pneumonia, asma-brônquica, rinite alérgica, sinusites e exacerbações do enfisema pulmonar (doença pulmonar obstrutiva crônica), entre outras.

No Brasil, são milhares de pacientes que sofrem com as temperaturas mais frias, mas alguns grupos – principalmente os idosos, crianças e portadores de doenças crônicas – são mais suscetíveis às complicações provocadas por elas. Para o pneumologista Gilmar Alves Zonzin, presidente do Conselho Deliberativo de Pneumologia e Tisiologia do Estado do Rio de Janeiro (Sopterj), a doença que mais preocupa é a gripe H1N1/influenza, considerada altamente contagiosa e potencialmente letal.

– A gripe influenza nos causa muita preocupação, principalmente devido aos riscos de complicações e morte. A doença pode levar à pneumonia causada pelo próprio vírus, que é muito grave, além de facilitar o desenvolvimento de pneumonia por bactérias e, ainda, também agravar outras patologias crônicas que o paciente possa ser portador – alerta o médico, acrescentando que a vacina é a maneira mais eficaz e segura de prevenção contra a H1N1.

Embora a influenza seja a patologia mais temida do período, outras doenças também preocupam, já que são muitos os vírus e as bactérias que circulam neste período e que podem agravar as doenças respiratórias. É o caso, por exemplo, da pneumonia bacteriana, considerada uma das principais causas de morte no mundo. No Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde, a doença é apontada como a principal causa de óbitos de crianças.

Os tratamentos para as doenças de inverno variam, dependendo do diagnóstico (doença viral, alérgica ou bacteriana).

– Cada caso exige um tipo de tratamento ou cuidado específico. Mas é importante lembrar que, quando os sintomas são agudos e/ou persistentes, o paciente deve procurar pelo serviço médico imediatamente – afirma o pneumologista.

Para Zonzin, que também é coordenador do Serviço de Pneumologia do Hospital Santa Maria, em Barra Mansa, além da vacina governamental contra o H1N1, outra forma eficaz de prevenir complicações e mortes provocadas pelas doenças de inverno é a vacina antipneumocócica. Ela previne e também reduz infecções – especialmente as graves – causadas pela bactéria chamada “pneumococo” (Streptococcus pneumoniae), que provoca tanto a pneumonia quanto a otite média, sinusite bacteriana e meningite (pelo pneumococo).

Já para doenças alérgicas crônicas, o pneumologista afirma que, quando os pacientes seguem os cuidados preventivos e tratamento adequados, há significativa redução do impacto dos sintomas na saúde deles. E, neste caso, consequentemente, há também expressiva diminuição na demanda de pacientes nas emergências hospitalares, por causas respiratórias, o que é tão comum nesta época do ano.

Segundo o pneumologista, alguns cuidados básicos com a saúde também devem ser reforçados nesse período para preservar o sistema imunológico, como ingerir bastante líquido, lavar as mãos com frequência, ter uma boa alimentação, praticar exercícios físicos regularmente e ter uma boa noite de sono.

Doenças que costumam ser agravadas ou desencadeadas no inverno

Infecções virais

Resfriado – tem duração máxima de duas semanas e os principais sintomas são coriza, febre baixa, obstrução das vias respiratórias, espirros e dor de garganta. Pode provocar complicação de natureza bacteriana (otite, sinusite e pneumonia); no entanto, com menos frequência que a gripe clássica.

Gripe – é a gripe clássica, causada pelo vírus influenza. Tem os mesmos sintomas do resfriado, mas de forma muito mais severa. Apresenta febre alta, dores no corpo e intensa fadiga. A doença é considerada extremamente contagiosa e com risco significativo de morte causada diretamente pelo vírus ou por complicações da doença, em especial a pneumonia bacteriana.

Doenças alérgicas

Alergias – são causadas por reações do organismo a diversos elementos, como pelos de animas, mofo, poeira, perfumes etc. A maior exposição a esses elementos, bem como as infecções virais, são as principais responsáveis pelo aumento das crises. Os principais exemplos de doenças alérgicas são a asma brônquica e a rinite alérgica e os sintomas mais comuns são espirro, coceira nasal, chiado no peito, falta de ar e tosse.

Asma – ocorre com mais frequência em crianças, embora também acometa adultos. Os principais sintomas são falta de ar (cansaço excessivo), chiado no peito e tosse seca e frequente. As manifestações podem ser leves ou desencadeadas apenas após esforços físicos. Em alguns casos, pode passar despercebida, principalmente em crianças, que são naturalmente muito ativas. No extremo oposto, entretanto, a doença pode se apresentar na forma de crises de falta de ar muito graves, até mesmo fatais. No caso de sintomas persistentes, o tratamento é feito de forma preventiva durante o tempo estabelecido pelo médico para cada paciente.

Rinite – é uma das doenças alérgicas mais comuns. Provoca espirros, coceira, coriza e entupimento do nariz e, se não medicada adequadamente, aumenta a chance de evolução para sinusite bacteriana. O tratamento da rinite, em muitos casos, deve ser feito em longo prazo.

Infecções bacterianas

Sinusite bacteriana – surge principalmente como complicação da rinite alérgica ou após virose respiratória. Apresenta como principais sintomas: nariz entupido, secreção nasal purulenta, dor nos olhos e também pode causar dor de cabeça ou a compressão dos seios paranasais, e pálpebras inchadas, além de febre. Normalmente, é tratada com a utilização de antibiótico. Nos casos mais graves, pode evoluir para pneumonia ou meningite.

Pneumonia bacteriana– infecção aguda dos pulmões, que pode ser provocada por vírus, fungos e outros agentes. Em sua forma clássica, a pneumonia é causada por bactérias, ou seja, quando falamos apenas “pneumonia” estamos nos referindo à doença bacteriana. No inverno, o aumento no número de casos da doença ocorre devido ao fato de que ela pode surgir após resfriado ou gripe, já que ambos reduzem a capacidade de defesa dos pulmões. Ela também pode ser relacionada ao agravamento de doenças alérgicas.

Fotos: Divulgação

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