A vida da escritora Pagu já foi tema de filme e documentários | Foto: Acervo Familiar

A comissão organizadora da Festa Literária de Paraty (Flip) anunciou na sexta-feira, 30, que a escritora, poetisa, diretora, tradutora, desenhista, cartunista e jornalista brasileira Patrícia Rehder Galvão, conhecida como Pagu, será a homenageada deste ano da Festa marcada para os dias 22 a 26 de novembro. É a segunda vez consecutiva que uma mulher é homenageada pelo evento.

Pagu nasceu em 9 de junho de 1910, em Santos (SP), e morreu em 12 de dezembro de 1962, em São Paulo. Ela teve destaque significativo no movimento modernista iniciado em 1922, mesmo sem ter participado da Semana de Arte Moderna porque, na época, tinha apenas doze anos de idade.

De acordo com as curadoras da Flip 2023, Fernanda Bastos e Milena Britto, destacaram que, por meio de seus inúmeros pseudônimos, várias mulheres se manifestaram em Pagu.

— Com seus modos de dizer e desenhar mundos, Pagu desenvolve uma paisagem em que são retratadas diversas mulheres brasileiras: operárias, mães, boêmias, artistas, as que aspiram à liberdade. É transformador olhar o presente por meio das lentes de Pagu — dizem as curadoras.

Pagu atuou nos movimentos modernista e feminista, além de ter se dedicado ao ativismo contra o fascismo. Ela teve uma destacada participação na imprensa, sendo parte de publicações como Brás JornalRevista da AntropofagiaO homem do povo/A mulher do povoA plateiaA vanguarda socialistaFrance-PresseSuplemento Literário do Jornal Diário de São PauloFanfulla e A tribuna.

— O nome Pagu nos leva a lutas estéticas e políticas; nos alerta o quanto pode incomodar a coragem de uma mulher que enfrenta a força plena representada por instituições regulamentadoras de vida, de arte, de liberdades. Essa artista de vida extraordinária teve de pagar um preço alto por ser plenamente o que era em uma época de tantas interdições. Foi encarcerada algumas vezes, uma delas tendo passado quatro anos na prisão, onde enfrentou torturas físicas e psicológicas. Entre os sofrimentos que lhe deixaram profundas cicatrizes, Pagu teve de enfrentar abandono e desprezo de muitos aliados, mas jamais cedeu em seu espírito livre, continuou lutando contra as regras e a ordem cerceadora até o fim, mesmo que algumas vezes de maneira incompreensível para os seus contemporâneos — dizem as curadoras.

Em 1988, a vida de Pagu foi contada no filme Eternamente Pagu (1987), primeiro longa-metragem dirigido por Norma Benguell, com Carla Camurati no papel-título, Antônio Fagundes como Oswald de Andrade (com quem a escritora foi casasa) e Esther Góes no papel de Tarsila do Amaral.

A 21ª edição da Flip, em Paraty, foi mantida no mês de novembro por decisão dos organizadores. O evento é o mais importante do calendário cultural da cidade e movimenta cerca de 20 mil pessoas.

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