Anúncio foi feito na presença de remanescentes de quilombos | Foto: Consulado/EUA

O Consulado-Geral dos Estados Unidos no Rio destinou US$ 295 mil (cerca de R$ 1,7 milhão) ao Instituto AfrOrigens para ações de conservação dos destroços do brigue Camargo, último navio escravista a desembarcar africanos escravizados no Brasil em 1852. A embarcação está naufragada no litoral de Angra dos Reis, na região do Bracuí, de acordo com pesquisas recentes.

Os recursos virão do Fundo dos Embaixadores dos Estados Unidos para Preservação Cultural, programa criado pelo Departamento de Estado dos EUA em 2001 para fornecer apoio financeiro a iniciativas de preservação do patrimônio cultural global. Ao menos dez sítios históricos brasileiros já receberam investimentos desta fonte.

— O suporte ao brigue Camargo simboliza perfeitamente o que o Fundo dos Embaixadores representa: um compromisso duradouro dos EUA com a preservação da memória cultural, a promoção da compreensão histórica e o fortalecimento dos nossos valores compartilhados — afirmou a embaixadora Elizabeth Frawley Bagley, em cerimônia no Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira, na Gamboa, no Rio.

Roubado e depois capitaneado por Nathaniel Gordon, o navio trazia cerca de 500 africanos de Moçambique para trabalhar como escravizados em lavouras brasileiras do Vale do Paraíba fluminense em 1852, dois anos após a promulgação da lei Eusébio de Queirós, que proibia o tráfico de escravizados ao Brasil. Quase 10 anos depois, o capitão norte-americano foi capturado no Congo, condenado e sentenciado à morte nos Estados Unidos, se tornando o único americano executado por tráfico de africanos escravizados.

Agora, ao longo de três anos, período de vigência do investimento, serão desenvolvidas atividades de arqueologia subaquática, que incluem mapeamento 360º de todo sítio arqueológico, identificação, estudo, análises históricas e preservação de todas estruturas e artefatos que forem encontrados.

Além disso, em terra, o projeto contemplará a proteção da memória da comunidade quilombola local, Santa Rita do Bracuí, descendente de africanos escravizados transportados por navios escravagistas como o brigue Camargo. As ações incluirão sinalização de pontos de relevância histórica na região, como porto clandestino, cemitério de escravizados e estruturas da fazenda de recepção, documentação e preservação.

Segundo o consulado dos Estados Unidos, quilombolas membros da comunidade foram contratados formalmente para participar de forma ativa dos trabalhos, através de uma base já instalada dentro do quilombo. Eles serão treinados em técnicas como iniciação à arqueologia, mergulho submarino, documentação e produção audiovisual para que possam transformar os resultados do trabalho em recursos sustentáveis para a comunidade.

(*) Com informações da Agência Brasil.

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