Flip é um dos principais eventos do calendário de Paraty | Foto: Fotos Incríveis/Paraty

Já acostumada com os holofotes, a cidade de Paraty domina o noticiário esta semana e atrai as atenções com mais uma edição da Festa Literária Internacional (Flip). É a 17ª vez que o evento ocorre pelas ruas e praças históricas movimentando cada vez mais pessoas e atraindo público superior a 20 mil pessoas. Este ano o homenageado será o escritor Euclides da Cunha (foto) e sua obra definitiva, o clássico ‘Os Sertões’, que une jornalismo e história. A nova ordem política brasileira é um tema que passará ao largo de todas as mesas de debates mais importantes.

A atualidade do livro de Euclides e seu processo narrativo e de construção, serão debatidos por 33 intelectuais — sendo 17 mulheres — de dez nacionalidades diferentes, em áreas que vão desde a sociologia até a fotografia. A Flip 2019 terá 21 mesas, cada uma com 45 minutos de duração e diferentes formatos, como conferência, entrevista e performance. Este ano, destacam-se nomes da literatura africana, como a nigeriana Ayóbami Adébáyó, que em seu livro de estreia (‘Fique Comigo’) aborda questões como patriarcalismo, poligamia e conflitos relacionados à gravidez; ou o angolano Kalaf Epalanga, fundador do grupo Buraka Sound System, embaixador do kuduru mundo afora e escritor do romance musical ‘Também os brancos sabem dançar’.

Entre os muitos escritores nacionais que passarão pelas ruas da cidade estão Marcela Cananéa, militante do Fórum de Comunidades Tradicionais, que participará de uma mesa com Marcelo D’Salete, quadrinista cujas obras reverenciam a cultura afro-brasileira; e Jarid Arraes, jovem poeta e cordelista cearense que falará sobre raça, origens e deslocamentos.
A escolha dos participantes foi feita pela jornalista Fernanda Diamant, que escalou 33 autores de 10 nacionalidades. A maioria são mulheres.

— ‘Os Sertões’ pode ser considerado um dos primeiros clássicos brasileiros de não ficção. Mistura jornalismo, geografia, filosofia, teorias sociais e científicas – muitas delas ultrapassadas – para falar de um país em transição — afirma a curadora.

A programação completa da Flip 2019 pode ser conferida aqui.

Programação extensa — As programações paralelas à Flip são uma atração à parte, claro. Em todas as ruas da cidade, os amantes da literatura terão muito para conversar e é quase impossível acompanhar todas as atrações, pois alguns eventos são simultâneos. O Sesc, por exemplo, leva à Festa Literária uma amostra das atividades culturais desenvolvidas em suas unidades pelo país. Apresentações de teatro, dança, música, cafés literários, exposições, oficinas e outras atrações fazem parte da programação, que está sendo oferecida em quatro locais: a Unidade Santa Rita e a Casa Edições Sesc, no Centro Histórico; a Unidade Caborê; e o espaço no Areal do Pontal.

A maratona de atrações do Sesc começa com a exposição “Câmara de Ecos”, na unidade Caborê. Inspirada no poema de Waly Salomão e idealizada por seu filho, Omar Salomão, a instalação em formato de ninho permitirá uma experiência sensorial: por meio de alto-falantes espalhados em nichos, o visitante ouvirá nove poemas do autor declamados por diferentes vozes, em ritmo e tempo próprios. O público poderá conferir a exposição durante os quatro dias do evento, sempre das 10h às 19h.

Outro destaque do dia 11 será o bate-papo com os rappers Rincon Sapiência, MC Marechal e Pelé do Manifesto. A partir das 14h, também na unidade Caborê, os três vão debater sobre os desafios de se fazer Rap no Brasil, o papel social do estilo e a respeito de como o ritmo transforma vidas.

Ainda na Santa Rita, no dia 11, às 19h30, será lançado o livro “Da lama ao caos: que som é esse que vem de Pernambuco?”, com a participação do autor José Teles e de Lauro Lisboa Garcia, organizador da coleção de livros digitais Discos da Música Brasileira. No mesmo local, Felipe Holloway e João Gabriel Paulsen, vencedores do Prêmio Sesc de Literatura 2019, participam de bate-papo com o público no sábado, 13.

O grupo Carmin é um dos destaques da programação teatral e levará à Flip o aclamado espetáculo “A invenção do Nordeste”. A peça venceu os prêmios Shell – melhor autor –, Cesgranrio – melhor espetáculo – e o da Associação de Produtores de Teatro do Rio (APTR) – melhor autor e ator em papel coadjuvante.

Entre as atrações musicais, o público poderá conferir as apresentações do cantor e compositor Chico Cesar (foto), das cantoras Cátia de França – que tem a literatura como marca registrada de suas canções – e Dandara Manoela e da Orquestra Mundana, formada por músicos brasileiros, imigrantes e refugiados.

A programação do Sesc contemplará também o público infantil. O espaço “Ler e brincar é só começar” propõe um encontro de brincadeiras com a leitura, na unidade Santa Rita, durante os quatro dias da Flip. As crianças de 5 a 12 anos também poderão conferir a oficina Mini Lambes, com linguagem lambe-lambe.  No Sesc Areal do Pontal, o bate-papo “Criança escrevendo para crianças” contará com a presença da escritora amazonense Beatriz Guimarães Menezes, que publicou seu primeiro livro aos oito anos. Hoje, aos 18 anos, ela compartilha sua experiência com o público. Haverá ainda contação de histórias, intervenções poéticas, performances circenses e apresentações artísticas.

Durante os quatro dias, a Casa Edições Sesc terá lançamentos de livros, como “Eça de Queiroz: leituras brasileiras e portuguesas”, com presença do organizador da publicação, Benjamin Abdala Jr., e das autoras Marli Fantini e Elza Miné. “Memória da Amnésia: políticas do esquecimento”, com a autora Giselle Beiguelman, Solange Ferraz, diretora do Museu Paulista, e Alexander Kellner, diretor do Museu Nacional.

A programação do Sesc na Flip 2019 pode ser conferida aqui.

Fotos: Divulgação / SESC + Fotos Incríveis (Guido Nietmann) (2018)

Publicado antes na edição impressa do Tribuna Livre (Edição 255).

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