O deputado federal Luiz Sérgio (PT/RJ) fez campanha esta semana em Angra dos Reis, uma das cidades que mais votos deu ao parlamentar na disputa passada. Este ano Luiz Sérgio disputa a sexta eleição ao Congresso Nacional, só que num cenário bem diferente do de quatro anos atrás. Ele próprio lembrou, por exemplo, que após a deposição da ex-presidente Dilma Roussef (PT) em 2016, o setor metalúrgico do Estado do Rio foi praticamente destruído. Durante evento há duas semanas no Rio de Janeiro, o parlamentar criticou duramente a política da Petrobras que neste momento prioriza as obras do setor naval para estaleiros de fora do Brasil, gerando empregos no exterior.

— Em Angra dos Reis nós chegamos a ter 12 mil metalúrgicos e hoje não temos sequer 900. É contra isso que nós lutamos e estamos resistindo. O golpe veio para implantar uma pauta que não foi debatida com a sociedade brasileira. Que não está respaldada no voto e nem pela democracia. Esse projeto não serve ao povo brasileiro. Nossa tarefa é lutar, resistir, e derrotar este projeto nas urnas — disse ele.

O deputado também criticou a política de preços da Petrobras implantada por Michel Temer (MDB). Apesar de gerar lucros para a empresa, esta política acabou gerando aumento nos preços do gás de cozinha e dos combustíveis, além do alto índice de desemprego nos estaleiros de todo o país.

—  A Petrobras fecha com lucro sim, mas a que preço? Hoje está gerando emprego na China e em Singapura e nossos trabalhadores aqui sem obras para trabalhar. Se nós tivéssemos força política no Congresso nós anulávamos a portaria da Agência Nacional do Petróleo (ANP) que acabou com o conteúdo nacional para a contratação de obras. Dói ir na porta dos estaleiros praticamente fechados, ver que não há emprego e encontrar muita gente que, na miséria que a política atual implantou, estão lá segurando bandeiras e panfletos daqueles que vão aprofundar ainda mais essa crise — lamentou.

Se a conjuntura mudou, a reeleição do deputado também será mais complicada, preveem os próprios militantes. Em 2014, Luiz Sérgio teve mais de 48 mil votos e foi o terceiro colocado no partido. O PT elegeu cinco parlamentares há quatro anos. Há quem diga que é difícil repetir o resultado este ano. Apesar disso a bancada petista no Congresso Nacional deve crescer e ser a maior da nova legislatura. Levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) prevê que o PT fará 65 deputados federais. Do Rio poderão ser três apenas. Luiz Sérgio está na disputa para ser um deles pois tem demonstrado resiliência ao longo dos anos, alcançando sempre votação espalhada por todo o Estado. Em 2014, por exemplo, teve votos em 91 das 92 cidades do Estado. Nos últimos dias, além de Angra, o parlamentar fez campanha em Paraty (foto), Barra Mansa, Volta Redonda, na Baixada Fluminense e na cidade do Rio de Janeiro.

— Eu acredito que a minha experiência como dirigente sindical, ex-prefeito e ministro, pode ser útil diante do desafio que temos pela frente. Precisamos equilibrar entre o impulso da juventude e a experiência de quem tem os cabelos brancos — disse ele.

Luiz Sérgio foi ministro em duas ocasiões no primeiro mandato da ex-presidente Dilma Roussef (2011/16). Primeiro assumiu a Articulação Política da Presidência da República e depois o Ministério da Pesca. Não por acaso, além do setor naval, ele tem um legado de contribuição nesta área com apoio à legalização da atividade de pescadores de Angra e Paraty, emendas para construção do entreposto pesqueiro e apoio às fazendas marinhas da Baía da Ilha Grande. Dilma gravou um vídeo pedindo votos para ele. A ex-presidente lidera as intenções de voto para o Senado em Minas Gerais.

Presidência — Apesar da conjuntura aparentemente adversa, o deputado disse que não perde a esperança. Ele acredita na eleição do candidato do PT à Presidência. O ex-ministro Fernando Haddad disputa o cargo com apoio do ex-presidente Lula, que está preso.

— Nós estamos vivendo um processo que não é plenamente democrático, porque o maior líder político do Brasil está injustamente encarcerado exatamente para não liderar o processo eleitoral no país. Mesmo assim eu tenho fé que Haddad será presidente. O PT é um partido de chegada, que se agiganta na reta final. Esta é a eleição mais importante de nossas vidas porque ou é a democracia, ou é o fascismo e a barbárie. Nós queremos a democracia de volta — defendeu Luiz Sérgio aos militantes.

Sobre a crítica de que o PT não admite os erros cometidos em seus governos, Luiz Sérgio também faz a defesa do partido. Para ele não é o PT o responsável pelo atual acirramento da política no país.

— Quem semeou o fascismo no Brasil foi o PSDB, a partir do momento que Dilma ganha a eleição e eles questionam a democracia. Foram eles que criaram o fascismo no Brasil. Erros foram cometidos sim. Mas o trem não descarrilou quanto ao objetivo pelo qual nós criamos o PT, que é construir uma sociedade para todos. É isso que diferencia o nosso projeto, do projeto deles. Eles querem o país para alguns. Nós queremos o país para todos — disse aos militantes.

Fotos: Reprodução

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