— Se a gente não conseguir mudar a trajetória atual, o estaleiro vai fechar. Agora já em 2018 pois não há nenhuma sinalização da Petrobras em contratar obras no Brasil — resumiu o presidente da Fundação dos Trabalhadores do Estaleiro Verolme (Funtresve), Luiz Fernando Neves Figueiredo, um dos organizadores do evento.
Esta semana, em encontro com os organizadores do ato, o prefeito de Angra, Fernando Jordão (PMDB) disse a mesma coisa. Deputado federal até 2016, o prefeito já esteve duas vezes com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/RJ) para defender uma solução.
— Eu disse isso ao Rodrigo Maia: ‘se o presidente Temer quer uma agenda positiva, a solução mais rápida é resolver isso com a Petrobras’. Não dá para entender por que o Pedro Parente (presidente da Petrobras) insiste nesta ideia de fazer obras no exterior — reclamou Jordão.
Durante todo o primeiro semestre deste todo houve várias reuniões e conversas de bastidores em Brasília e no Rio de Janeiro a respeito disso. A Petrobras defende que a contratação de obras fora do Brasil seria mais barato. O modelo é o mesmo anterior à posse do ex-presidente Lula (2003-10) que, ao assumir, iniciou a política de conteúdo nacional mínimo de 55%. Isso fez com que fossem criados quase 50 mil empregos em todo o país. Após a assunção do presidente Michel Temer (PMDB) ao cargo, o conteúdo nacional está sob ataque. A situação é tão grave que estaleiros no Nordeste venderam aço como sucata por não terem encomendas. Em todo o Brasil estima-se que pelo menos 40 mil pessoas tenham perdido o emprego desde 2015.
Na manifestação de hoje a palavra de ordem foi ‘endurecer’. Entre as ideias debatidas estão desde um abaixo-assinado até um novo ato público, desta vez no Rio de Janeiro, na sede da Petrobras. A chamada ‘União pelo Emprego’, mobilização que envolve associações de moradores, igrejas, sindicatos, comércio e autoridades não tem data para acabar.
– Queremos lutar pelo conteúdo nacional sim e este tema já foi pauta de muitas reuniões no Rio e em Brasília que participei como deputado federal e agora como prefeito também. Mas temos que priorizar o estaleiro. E já vai ajudar muito se retomarem os contratos da sete Brasil. Precisamos da união de todos para mostrar força e reverter esta situação – enfatizou Fernando Jordão.
Solução — O movimento quer que a Petrobras sinalize o afretamento de alguma das quatro plataformas da empresa Sete Brasil que estão paradas no estaleiro. Uma delas já está com 94% da obra concluída, outra com 70%. Essas obras garantiriam 3 mil empregos imediatos por pelo menos cinco anos, evitando a demissão dos cerca de 2,5 mil trabalhadores que ainda restam no Brasfels.
De acordo com a presidente do Sindicato dos Metalúrgicos angrense, Cristiane Marcolino, só nesta semana pelo menos 50 trabalhadores foram demitidos.
— Estão demitindo aos poucos. Há mão de obra ociosa e o risco de fechar o estaleiro é grande — disse ela.
Siga-nos no Facebook
Com informações publicadas antes na edição nº 194 do Tribuna Livre.
GOSTOU DESTE TEXTO?
Assine o jornal Tribuna Livre e receba em casa a nossa edição impressa. Clique aqui e saiba como.