A já polêmica viagem do prefeito de Angra dos Reis, Fernando Jordão (PMDB), à cidade de Medellín, na Colômbia, pode acabar trazendo bons frutos para a cidade. Acompanhado do secretário de Governo, Marcus Veníssius, Fernando decidiu ir conhecer de perto um dos mais audaciosos e bem sucedidos projetos de revitalização de encostas e morros ocupados do mundo. O modelo, diz ele, é perfeito para Angra e poderia ser implantado na cidade.

— Estamos aqui vendo e aprendendo como foi este trabalho bonito de urbanização e ressocialização dos morros. Tem muito a ver com Angra dos Reis, pois são muito parecidos. Desde que seja liderado pelo poder público mas integrado pelas comunidades, com desenvolvimento econômico — justificou Fernando em vídeo divulgado nas redes sociais.

O projeto de revitalização das comunidades de Medellín atrai políticos e gestores de todo o mundo. No ano passado mesmo, servidores públicos de Angra participaram de evento na cidade colombiana. Na localidade ‘Comuna 13’, visitada por Fernando e sua comitiva, há menos de 10 anos, a situação era semelhante à dos morros do Rio de Janeiro, com restrições inclusive de acesso e criminalidade alta. Com um ousado plano de mobilidade e transporte, incluindo um teleférico, hoje a realidade é completamente diferente. O bairro visitado por Fernando tem hoje uma cara completamente nova, marcado por inúmeras intervenções, inclusive artísticas. Foram gastos em menos de cinco anos, cerca de US$ 550 milhões em infraestrutura e projetos sociais.

O planejamento e os investimentos feitos em Medellín e em outras cidades da Colômbia mudaram a realidade do país, que ficou conhecido na década de 80 pela influência do narcotráfico e por seu personagem mais famoso, o traficante Pablo Escobar, já falecido.

Comunidades — No vídeo postado na Internet, o prefeito angrense lembrou que no seu segundo mandato (2005-08) criou o projeto ‘Comunidades de Angra’ que tinha como objetivo fazer intervenções urbanas nos morros do Centro da cidade. O projeto não teve continuidade nas gestões seguintes mas, segundo Marcus Veníssius, pode ser retomado a partir do ano que vem.

— Não vejo nenhuma dificuldade em fazer algo parecido em Angra. Essa era a ideia do projeto ‘Comunidades’. O prefeito já determinou que a gente possa retomar aquela ideia e vamos fazer — disse Veníssius.

O secretário acrescentou que é sabido que Angra tem comunidades que vivem sob ameaça do tráfico e até impedimento de ir e vir. Um projeto como o de Medellín, segundo ele, teria condições de enfrentar e mudar esta realidade.

— O que vimos aqui na Colômbia é prova de que o poder público pode mudar esta realidade e deixar a comunidade completamente assistida — acredita o secretário.

Câmara — A despeito dos eventuais e futuros benefícios, a viagem do prefeito à Colômbia não foi bem recebida nas redes sociais. Por desconhecimento, muitos cidadãos reclamaram da iniciativa. Fernando poderá também enfrentar algum embaraço legal caso não tenha informado ao Poder Legislativo, a intenção de deixar o país. Pela lei orgânica municipal, sempre que se ausentar do Brasil, o prefeito deve fazer uma transição formal para o vice-prefeito Manoel Parente (PSB), exatamente como ocorre com o presidente da República. A transmissão de cargo só não é necessária quando os deslocamentos são feitos dentro do país ou por período menor que 15 dias.

Além de Fernando e Veníssius, os acompanharam o presidente da Fundação de Turismo, Carlos Peninha, e o engenheiro da prefeitura Cláudio Sírio ‘Ferreti’.

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Esta matéria foi publicada antes na edição nº 192 do Tribuna Livre.

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