Pesquisa inédita mostra que 1 hora de tela/dia aumenta em 23% o risco de miopia em crianças. | Foto: Divulgação

A National Academy of Sciences (NAS) dos Estados Unidos passou a classificar a miopia como uma doença, e não apenas como um erro refrativo. A mudança reflete a crescente preocupação com o aumento de casos, especialmente em crianças. O oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, diretor executivo do Instituto Penido Burnier e membro da Academia Brasileira de Controle da Miopia e Ortoceratologia (ABRACMO), destaca que o problema tem se tornado cada vez mais comum e a maioria dos pais desconhece os tratamentos disponíveis para conter sua progressão.

Uma pesquisa publicada na revista científica JAMA Open Space, da Academia Americana de Oftalmologia, revelou que o risco de uma criança desenvolver miopia aumenta 23% após apenas uma hora diante das telas. O estudo, que analisou mais de 300 mil crianças, também constatou que o perigo continua crescendo até quatro horas de exposição diária, quando a progressão se torna mais gradual. Isso reforça a necessidade de controle sobre o tempo que os pequenos passam utilizando dispositivos eletrônicos.

Nos consultórios, o relato mais comum dos pais é que as crianças passam longos períodos em frente às telas. Um estudo realizado por Queiroz Neto com 360 crianças entre 6 e 9 anos revelou que aquelas que utilizavam o computador de forma intensiva apresentaram o dobro de casos de miopia. O oftalmologista explica que, no início, a condição pode ser temporária, mas a exposição prolongada sem descanso para os olhos torna o problema permanente.

A miopia ocorre devido a uma alteração no formato da córnea, que se torna mais côncava, fazendo com que as imagens se formem antes da retina, dificultando a visão à distância. Nos casos mais graves, o crescimento excessivo do olho pode levar a degeneração da retina, aumentando os riscos de glaucoma, catarata precoce e deslocamento da retina — uma emergência oftalmológica que pode resultar na perda irreversível da visão.

Para evitar complicações, especialistas recomendam exames oftalmológicos anuais. Muitas crianças não conseguem identificar ou relatar dificuldades para enxergar, o que pode atrasar o diagnóstico. “Já atendi crianças com quatro graus de miopia que nunca haviam usado óculos porque os pais não perceberam o problema”, alerta Queiroz Neto. O acompanhamento médico regular e a redução do tempo de exposição às telas são medidas essenciais para prevenir o avanço da miopia e garantir uma visão saudável na infância.

TRIBUNA LIVRE: JORNALISMO SÉRIO. O TEMPO TODO
Nossa missão é levar informação relevante aos nossos leitores. Assine a edição impressa neste link ou participe de nosso canal de mensagens no Whatsapp.