O primeiro final de semana de recesso sanitário em Angra dos Reis foi marcado por confusões, descumprimento de normas, debate sobre a situação das praias, briga entre autoridades e um pedido de demissão no alto escalão do setor de turismo no município.

Já na sexta-feira, 26, um dia após a decretação das medidas, já havia desentendimentos sobre as normas. O decreto extenso e confuso da prefeitura de Angra dos Reis deu margem a muitas interpretações. O comércio foi autorizado a funcionar, assim como as igrejas. A operação do setor de turismo foi prejudicada e houve queixas. Tanto que o próprio prefeito angrense, Fernando Jordão (MDB), teve de enviar ofício às marinas da cidade, recuando na proibição de circulação de embarcações, desde que alegada ‘emergência’. O recuo não foi bem visto e soou como sinal verde para o descumprimentos das normas.

No sábado, 27, o vídeo de uma lancha embarcando pessoas acima do limite de passageiros imposto pelo decreto circulou por grupos de mensagens. A embarcação pertence a uma empresa ligada ao então diretor-executivo da Fundação de Turismo (TurisAngra), Ulisses Covas. Horas depois da divulgação, a gestora da empresa admitiu que houve falha na operação.

— Tivemos um problema mecânico em uma das nossas embarcações. Para evitar atrasos e gerar insatisfações de nossos clientes, embarcamos temporariamente três passageiros excedentes (frente ao decreto vigente), em uma das nossas lanchas. Imediatamente deslocamos outra embarcação de nossa frota para fazer a divisão correta dos passageiros — esclareceu a empresa, atestando que a operação teria sido temporária.

No mesmo dia, no entanto, no início da noite, Ulisses decidiu divulgar uma carta de pedido de demissão em suas redes sociais. Ele havia sido nomeado em janeiro pelo prefeito Fernando Jordão, a quem agradeceu pela oportunidade de prestar serviço ao município.

— Após a triste repercussão do ocorrido hoje, não me sinto mais confortável em permanecer no governo (…). Deixo a TurisAngra de cabeça erguida e com a consciência limpa de que fui fiel às necessidades do município — escreveu Ulisses.

Também houve um bate-boca virtual entre autoridades de Angra dos Reis e Mangaratiba a respeito do uso do cais de Conceição de Jacareí (foto). O atual secretário de Turismo da cidade, DJ Marlboro, acusou a prefeitura angrense de descumprir um acordo que, segundo ele, permitiria o embarque de passageiros em direção à Ilha Grande. A prefeitura proibiu esta operação. Para Marlboro, Fernando Jordão teria acenado com a liberação do cais.

— O prefeito de Angra dos Reis tinha nos dado a palavra de que as embarcações poderiam desembarcar, o que não aconteceu — escreveu Marlboro, que tem apoio do prefeito da cidade, Alan Bombeiro (Progressistas).

Doença — Alheia às medidas sanitárias e à discórdia entre autoridades, as estatísticas da Covid-19 na cidade não mostram sinais de trégua. Na sexta-feira, 26, o índice de ocupação dos leitos estava em 78%, com 51 pessoas internadas. Já no domingo, 28, o número de internados subira para 56 pessoas, com 82% de ocupação. No principal hospital particular da cidade, a ocupação superou 100% e foi necessário abrir leito extra. No Hospital de Praia Brava, havia apenas um leito disponível neste domingo. Houve uma morte por dia no fim de semana e agora são 364 óbitos confirmados e seis sob investigação.

Fotos: Reprodução

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