Presidente do Sindicato nega ‘divisão’, mas metalúrgicos em Angra decidem continuar em greve

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Helinho defende bom senso

Em entrevista exclusiva ao Tribuna Livre na manhã de hoje, 29, logo após mais uma assembleia da categoria, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Angra dos Reis e região, Helinho Azevedo (foto), negou que a direção sindical esteja ‘rachada’. Apesar de demonstrações públicas de desacordo entre os integrantes do Sindicato e de acusações de parte a parte, Helinho garantiu que, ‘neste momento e nesta questão’ não há divisões.

— Estamos todos unidos para tentarmos resolver esta questão — disse referindo-se à negociação salarial da categoria, empacada depois de quase duas semanas de greve.

Na assembleia de hoje pela manhã, os metalúrgicos mais uma vez optaram por sustentar a paralisação iniciada na semana passada. Na segunda-feira, 28, em audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), no Rio, não houve acordo. A Keppel Fels, empresa que controla o estaleiro, desejava que os trabalhadores retornassem ao serviço para continuar com as negociações. A categoria não aceitou. Agora a greve terá de ser decidida na segunda ou terça-feira (4 ou 5) da semana que vem. Na segunda, segundo Helinho, poderá haver contraproposta da empresa, saída que a direção sindical buscará até a véspera. Na terça, em caso negativo, a Justiça do Trabalho determinará o índice e pode julgar a greve ilegal, obrigando a categoria a voltar ao trabalho.

— Queremos evitar isso e estamos lutando para que haja bom senso da empresa e, claro, também da categoria — disse Helinho.

Neste momento, a única proposta em discussão está muito aquém do que o Sindicato está pleiteando. Os asiáticos ofereceram 6,4% de aumento linear e no ticket-alimentação. Os trabalhadores querem 12%, ante uma inflação no período (maio/11 a maio/12) de 4,88%. Segundo Helinho não houve avanços na questão do pagamento da Participação nos Lucros (PLR). Quando a empresa chegava a admitir pagar o abono, a greve foi deflagrada e a proposta saiu da mesa da negociação.

Helinho e a direção do Sindicato estão preocupados mas também apelam à sensibilidade da Petrobras, principal cliente do Brasfels. Afinal, segundo ele, o estaleiro angrense é o único que entrega encomendas dentro do prazo além do que, acrescentou, nós últimos anos, só as obras feitas em Angra estão em produção, gerando divisas para o país. Ele cita como exemplos as plataformas P-48, P-51, P-52 e P-56, todas feitas no Brasfels e todas em operação, enquanto que outros estaleiros, do Nordeste ao Rio Grande do Sul, não conseguem cumprir prazos e têm sido até advertidos pela Petrobras sob o risco de perda de encomendas.

— Dos 22 navios contratados no Estaleiro Atlântico Sul (PE), dezesseis deverão ser cancelados por causa dos atrasos. Só agora, quase dois anos depois, eles conseguiram entregar o primeiro navio, o ‘João Cândido’. Em Angra todas as obras estão sendo feitas dentro do prazo. Isso tem que valorizar a categoria metalúrgica na hora de uma negociação como essa — comenta o presidente.

Neste momento, o Brasfels está executando as obras de conversão da plataforma P-61 e dos navios ‘Cidade de Parati’ e ‘Cidade São Paulo’, além da construção de um navio sonda, também da Petrobras. O estaleiro está na disputa ainda por outros quatro navios sonda e dois navios replicantes. As obras, segundo Helinho, garantem empregabilidade no estaleiro até o primeiro trimestre de 2013.

Observação: Apenas como informação adicional, é bom saber que em 2011, nada menos que 87% dos acordos trabalhistas fechados em todo o país representaram aumentos reais para os trabalhadores. Em outros 7,5% houve apenas a reposição da inflação, enquanto que 5,7% das categorias tiveram perdas. Os dados são de uma pesquisa do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas), que prevê também, resultado pior para 2012. Entre as categorias que tiveram maiores aumentos no ano passado estão as ligadas ao setor de comércio. Curiosamente, no Nordeste e Norte foi registrada a maior incidência de reajustes abaixo da inflação.

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