A Prefeitura de Angra dos Reis e a gigante de petróleo e gás Technip promoveram uma entrevista coletiva com a Imprensa na tarde de hoje, 7, para anunciar um ambicioso projeto que pode mudar todo o Centro da cidade, adicionar recursos consideráveis na economia do município e inserir Angra dos Reis, definitivamente, no seleto grupo dos municípios que usufruirão diretamente das riquezas dos novos campos de petróleo e gás do pré-sal na Bacia de Santos.
Que Angra e, em especial, o seu Porto, estavam em situação estratégica para este novo boom na economia nacional, todos já sabiam. Localizada em frente a poços onde a expectativa é extrair até 100 bilhões de barris de petróleo, seria uma imbecilidade não pegar carona neste potencial. Há muito, o Tribuna Livre, tanto impresso como aqui no site, alertávamos, porém, para a necessidade de ‘entrar em campo’, ou aproveitando o jargão futebolístico, ‘deslocar-se para receber’. A chegada da Technip à cidade, empresa que é uma das gigantes nesta área, além de alento, parece ter sido a peça que faltava para este engrenagem começar a andar. Claro, que a boa vontade política do Governo Municipal também ajuda (e muito), mas sem boa vontade da empresa, nada aconteceria de fato.
Os planos da Technip, como eu disse, são ousados. O investimento previsto para os próximos dois anos é de R$ 60 milhões, o equivalente a 10% da receita anual da Prefeitura. Em cinco anos, a empresa espera transformar o Porto de Angra numa potência na área de apoio à exploração do pré-sal. Num cenário otimista, os atuais dois berços do Porto seriam ampliados para quatro, ou cinco e o pátio da terminal ganharia uma fábrica tubos destinados ao setor petrolífero que, em três anos, estaria empregando mais de 2 mil trabalhadores de forma direta, gerando outros cinco mil empregos indiretos. É um cenário prá lá de otimista. O Porto de Angra emprega hoje cerca de 450 pessoas.
Os planos, porém, ainda precisam superar alguns obstáculos. O primeiro deles é o do licenciamento ambiental, já que são obras complicadas, que envolvem dragagens e deslocamento de terra. A Technip alega já ter iniciado os estudos de impacto visando esta liberação. Faltam ainda licenças de todo o tipo para a operação destes novos berços e atividades, tarefa que cabe à Companhia Docas, à Agência Nacional de Transportes Aquaviários, Patrimônio da União e Marinha, só para citar alguns. Faltam ainda no município, pessoas qualificadas para o início imediato das obras e, finalmente, é preciso superar os gargalos rodoviário e ferroviário. Mais de 70% das operações offshore no país é feita pelo mar, mas os outros 30% precisam de estradas funcionais ou ferrovias em bom estado, com bitola larga e vagões seminovos. Angra não tem nada disso, ainda.
Quanto ao litígio entre Docas e Prefeitura, que envolve as retroáreas no São Bento, o prefeito disse que isso não será problema e afirmou que sua equipe conseguiu, em 18 meses, superar mais problemas com Docas que os governantes dos últimos 20 anos. É, pode ser.
O prefeito Tuca Jordão (PMDB) está otimista. Garantiu à Technip todo o apoio que a empresa precisar. Apóia a construção da fábrica no Porto, doará imóveis do município para viabilizar as intervenções previstas e crê que conseguirá superar todo o o licenciamento. Torcemos para que sim.
Na próxima edição impressa do Tribuna Livre, mais detalhes dos planos da Technip e da Prefeitura para revitalizar, não só o Porto de Angra, mas toda a região central do município, de olho, como dito, na exploração do pré-sal. O Tribuna Livre impresso estará nas bancas na terça-feira, 13. Aguardem!
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