Para um jornal quinzenal como o Tribuna Livre, dar ao leitor a dimensão exata da tragédia vivida por Angra dos Reis neste início de ano, não é tarefa fácil. Há muito acontecendo a todo tempo, desde o esforço hercúleo dos organismos de segurança e defesa civil, para minimizar o sofrimento da população, até o esforço de busca por vítimas fatais, passando pela administração dos conflitos que um evento desta magnitude pode causar. É preciso ouvir muita gente: autoridades, moradores, sobreviventes, especialistas, enfim, um sem-número de pessoas, para dar uma visão geral da situação. Como complicador, claro, os limites do jornalismo no interior. Depois disso tudo, a tarefa é selecionar e c0mpartimentar todo este material no espaço, como se sabe, reduzido da edição impressa.
Mesmo assim o Tribuna Livre encarou o desafio e produzimos nossa edição 072. Com pesar, claro, pelas vidas perdidas na cidade, mas cumprindo o nosso papel. Em nossa curta trajetória, foi nossa edição mais custosa.
Desde o dia 30 já monitorávamos, à distância, as informações do clima. Na noite do dia 31, estávamos acompanhando a evolução do mau tempo. Na manhã do dia 1º, diante das notícias sobre deslizamentos e mortes, partimos a campo. Com a ajuda do fotógrafo Edmar Tavares, fizemos alguns dos registros publicados na edição impressa. Desde então apuramos os fatos mais relevantes desta tragédia. Foi uma cobertura complicada, na qual tivemos ajuda de outros repórteres fotográficos como Renata Abreu e Fernanda Camargo, além do suporte do serviço de imagens da subsecretaria municipal de Comunicação de Angra.
No domingo, 3, iniciamos o fechamento propriamente dito. A edição ficou pronta para ser impressa já na segunda-feira, 4, pela manhã, mas adiamos a circulação. Desde então, com a sucessão de acontecimentos, elaboramos três capas diferentes até chegarmos na definitiva. Todas elas têm, claro, como fato principal, os acontecimentos do Ano Novo, mas foram evoluindo junto com os fatos.
Como uma espécie de primeiro capítulo da reconstrução, nesta edição que vai às bancas nesta quinta, 7, ainda abrimos uma página especial sobre o drama das demolições, especialmente no Morro da Carioca, o que, em justa medida, trata-se de uma tragédia dentro da tragédia que abateu-se sobre a cidade.
Está aí, então, nossa missão de informar, mais uma vez cumprida.
Klauber Valente
editor
