Muito dependente do turismo, que é a sua principal atividade econômica, Paraty poderá ter perdas gigantescas com a parada causada pelo coronavírus desde o início de março, e a suspensão do calendário de eventos. Mesmo assim, aparentemente com a doença sob controle, a cidade já começa a traçar os planos para o pós-pandemia. A prefeitura deverá capitanear algumas ações e outras virão por meio do Paraty Convention & Visitors Bureau, entidade de natureza privada e empresarial que realiza ações de promoção da cidade nos mercados nacional e internacional.
O atual presidente do Convention, Eric da Silva Porto, explica que o município está aliado a outras cidades turísticas do Estado em conversas e numa parceria que envolve também o Governo do Estado do Rio de Janeiro.
— Estamos buscando apoio do município e do Estado, em parceria com o Polo Gastronômico. Estamos sugerindo ações que só vão funcionar com apoio público e também engajamento do setor privado — explicou Eric ao Tribuna Livre.
Uma das ideias em discussão é o reforço nas ações de marketing, promoção da cidade e organização do calendário de eventos, com foco já no ano 2021. Os eventos atraem turistas a Paraty o ano todo, independente de baixa ou alta temporada. Eric acredita que nesta tarefa de reconstrução de público, terá papel relevante a presença em feiras e eventos de promoção após o fim do isolamento. Uma das datas apontada para o reinício das atividades de turismo e hospedagens na cidade é o dia 1º de junho. Mas ainda não há decisão.
A queda na movimentação turística em Paraty pode ultrapassar os 70% em relação ao ano anterior. Se entre março e junho a cidade já vive uma baixa temporada, a suspensão do calendário de eventos pelo menos até a metade do ano atrapalha uma retomada mais acelerada. Já deixaram de ser realizados eventos tradicionais como a Semana Santa e a Festa do Divino e estão ameaçados de não ocorrerem o Festival de Sabores da Cachaça (agosto) e a própria Festa Literária Flip, remarcada de julho para novembro.
Fiscalização — Também preocupa os empresários um eventual aumento da informalidade no setor, problema que já existia antes da pandemia e nem é exclusivo de Paraty (leia abaixo) mas que poderia se agravar se não houver um reforço correspondente na fiscalização a cargo da prefeitura.
— Esta é uma demanda muito importante para o setor que levamos ao município. A gente prevê que, se algo não for feito de forma radical em fiscalização, os empresários não vão conseguir sobreviver porque vai ter muito mais oferta do que demanda — avalia Eric.
Os empresários de turismo e de gastronomia estão tendo reuniões regulares para avaliar os próximos passos. Há encontros semanais e conversas contínuas com o governo municipal que, por meio da secretaria municipal de Turismo, está acompanhando as iniciativas das entidades empresariais e deverá anunciar nos próximos dias a abertura de uma linha de crédito, em parceria com bancos públicos, para que as empresas possam se organizar para uma retomada ainda este ano.
De acordo com o prefeito Luciano Vidal (MDB) seriam usados recursos próprios do município, oriundo dos royalties do petróleo, para garantir estes financiamentos com juros mais baixos que os tradicionais. Também já foram adiadas as cobranças de impostos e de serviços como água e energia, na busca de aliviar as perdas do setor.
— Estamos conversando com os empresários e buscando saídas que possam garantir os empregos e a volta das atividades — disse Vidal.
Fotos: Reprodução / Site ‘Quero Ir Lá‘
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