O ano de 2011 já é o melhor do setor da construção civil da região
neste século. Com avanços salariais significativos, geração recorde de empregos e expectativa de manutenção deste aquecimento por pelo menos cinco anos, a direção do Sindicato da Construção Pesada (Sticpar) concorda que os resultados são favoráveis, apesar dos desafios que ainda persistem.
– Foi um bom ano. Muito produtivo, com geração de emprego e conquistas para o bolso do trabalhador. Estamos muito satisfeitos – resume Marcelo Vidal de Oliveira, presidente do Sticpar desde o ano passado.
Os resultados, ele diz, podem ser medidos também pela adesão dos trabalhadores ao próprio Sindicato que, segundo conta, possui cerca de 2,1 mil filiados, apesar de a adesão à entidade ser facultativa. Marcelo estima que a construção civil em Angra esteja gerando, neste momento, cerca de sete mil empregos diretos e outros 10 mil indiretos, números engordados, é claro, pela construção da usina nuclear Angra 3, em cujos canteiros, em Itaorna, já existem 4,5 mil trabalhadores com carteira assinada.
– Existem muitos Sindicatos onde o trabalhador é obrigado a se filiar. Aqui não. Avaliamos que esta adesão é o resultado do trabalho da diretoria e da confiança que os trabalhadores dedicam à diretoria – explica Marcelo.
Além da construção de Angra 3 que neste momento, como mostram os índices, absorve mais da metade da mão de obra no setor, também geram empregos em quantidade a construção de condomínios, apartamentos e obras públicas como a construção de escolas, prédios públicos e obras nas encostas e morros de Angra.
Bons resultados também no bolso de quem trabalha (veja matéria na edição impressa). As negociações salariais do ano foram todas com ganho real, tanto na construção leve (a mais comum), quanto na pesada (onde estão as obras de Angra 3). Mas ainda há desafios.
Para Marcelo Vidal, os principais problemas da categoria continuam sendo os pisos salariais ainda baixos pagos a algumas profissões, especialmente na construção leve, e a qualificação profissional, que ainda impede muitos trabalhadores de ingressarem no mercado de trabalho. Só este ano, o Sindicato investiu na formação de quase 400 pessoas e ainda assim ainda faltam profissionais.
– Algumas categorias estão mesmo em falta. Hoje carpinteiros e armadores que quiserem trabalhar podem procurar o Sindicato porque há vagas – explica o presidente.
Outro desafio, especialmente em pequenas obras e empresas, é o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs), o que muitas obras (e mesmo trabalhadores) ainda dispensam. Regularmente a direção do Sindicato visita obras nas cidades de Angra dos Reis e Paraty para verificar as condições de trabalho dos operários. Em muitas delas são encontrados problemas de todo o tipo e até mesmo trabalhadores sem Carteira Profissional assinada.
– O que nos atrapalha é que o Sindicato não pode parar uma obra, nem multar uma empresa que esteja em desacordo com a Lei e algumas empresas acabam valendo-se disso – reconhece o líder sindical.
Para 2012, quando começarão as obras de montagem da usina Angra 3, a previsão é de mais crescimento. Só no canteiro da obra, devem ser acrescidos mais de 3 mil trabalhadores. Outra obra que deve gerar empregos de forma direta é a modernização do Porto de Angra, a cargo da empresa Technip que pretende construir no local uma fábrica de tubos flexíveis até o ano de 2014.
Publicado antes na edição impressa do Tribuna Livre.
Leia também na edição impressa:
– Eletronuclear amplia prazos para interessados na montagem de Angra 3
– Caderno Especial colorido sobre a Construção Civil