A cem dias exatos da eleição de novembro surge a pergunta: ‘quem será o candidato do Bolsonaro a prefeito de Angra em 2020?’. Até agora, é difícil saber, mesmo com a tentativa do prefeito Fernando Jordão (MDB) de aparecer bem nas fotos ao lado do senador Flávio (Republicanos/RJ), filho do presidente. E eu explico o por quê de pensar assim a seguir:

Primeiro que é preciso compreender que as agendas públicas do prefeito com o filho do presidente são antes de tudo institucionais. Fernando defende os mesmos projetos que a cidade está discutindo sem sucesso há quase 30 anos. Boa parte deles esbarra em concessões federais, acordos de cooperação e em interesses políticos que necessariamente não dependem exclusivamente de quem seja o prefeito. Não por acaso, o próprio Flávio Bolsonaro está com presença frequente em várias agendas no interior do Estado e na Baixada Fluminense, nem todas de aliados políticos. Para complicar, a aproximação de Fernando Jordão com o governador Wilson Witzel (PSC) o atrapalha. A presença de Flávio em eventos, por si só, ainda não é indicativo de apoio eleitoral. Mas é claro que a confusão momentânea favorece ao prefeito.

Vejamos agora a situação do pré-candidato Christiano Alvernaz (Republicanos). Há mais de um ano ele capricha nas selfies ao lado de bolsonaristas e chegou a liderar a coleta de assinaturas para um novo partido na região. Foi tiro n’água. Nem o partido foi criado, nem Alvernaz mostrou sua força política. As investidas do prefeito sobre os aliados do presidente começaram logo em seguida neste vácuo. Alvernaz acabou voltando ao partido da Igreja Universal para não sumir do noticiário e apesar de ostentar a simpatia por bolsonaristas não mostra envergadura para ser o preferido. A seu favor só o fato de estar no mesmo partido de Flávio Bolsonaro.

Também na faixa da direita corre o vereador Zé Augusto (Progressistas) (foto). Apesar de ter escolhido abrigo numa legenda de centro, Zé Augusto já fez várias ‘tabelinhas’ com lideranças da chamada ‘Direita Angrense’ em assuntos relacionados à fiscalização de gastos públicos. A ‘Direita Angrense’ é uma organização suprapartidária que mostra distanciamento de Fernando Jordão. É uma base bolsonarista legítima e simpática a Zé Augusto. Se o pré-candidato mantiver esta sinalização à direita herda uma fatia relevante (e organizada) do eleitorado.

Como se vê, ainda não dá para saber quem será o preferido do presidente que, apesar da popularidade na casa dos 35% desde o início do mandato, ainda ostenta o título de bom cabo eleitoral em cidades onde teve votações acima de 70% em 2018 (casos de Angra e Paraty, por exemplo). Uma influência que será confrontada com a dificuldade de equilibrar-se nas alianças em municípios onde mais de um candidato disputar ser o ‘indicado’ do presidente. Como 2022 é logo ali, o presidente não deve querer ficar em maus lençóis com aliados futuros. A conferir.

(*) Klauber Valente é jornalista e editor do Tribuna Livre. É pós-graduado em Administração Pública pela FGV/RJ e foi presidente da Fundação de Turismo de Angra dos Reis de 2015 a 2016.

Fotos: Arquivo e Agência Brasil

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