(*) Por Klauber Valente

Políticas menores e preferências eleitorais à parte, as cidades da Costa Verde podem se orgulhar do comportamento dos seus prefeitos diante da crise do novo coronavírus. Aqui, em Angra dos Reis, Mangaratiba e Paraty, nada se fez de diferente do que é recomendado e reconhecido como eficaz pelas autoridades de saúde o que, por incrível até do que se possa imaginar, é o principal motivo de comemoração e de justo reconhecimento. Diferente de outros líderes, inclusive nacionais, ninguém quis ‘inventar a roda’ e preferiu seguir a orientação da ciência.

Em Angra dos Reis, Fernando Jordão (MDB) (foto) foi efetivo e firme desde o primeiro momento. De imediato tomou a decisão de isolar a cidade, suspender serviços públicos e controlar acessos, especialmente de visitantes. Imediatamente depois tratou de coordenar a montagem das unidades de atendimento, em especial a mudança na Santa Casa, transformada em hospital de referência para a Covid-19. A cidade foi a primeira do Sul do Estado a ter um centro de atendimento com até 100 leitos exclusivo para infectados pelo coronavírus. Só bem depois começaram os casos confirmados da doença, cinco até o dia 9 de abril. Alimentando as redes sociais e a comunicação institucional com dados relevantes a todo momento, Fernando deu uma boa mostra de gerenciamento preventivo de crises até agora.

(Nota) Na esteira desta decisão, porém, surgiu apenas uma preocupação em relação ao futuro da Santa Casa pós-Covid-19, o que deverá ser tratado no seu tempo. Há quem tema a desmobilização total da unidade, de mais de 170 anos.

Em Paraty, Luciano Vidal (MDB) (foto) também recuperou-se bem após um início diga-se meio tumultuado. Tardou ao menos dois dias para suspender as aulas mas, daí em diante, foi assertivo e correto em todas as medidas. Primeiro o isolamento, depois as restrições de acesso e por último as medidas de prevenção ao contágio. Para alguns, Vidal comete até exageros mas os números da doença na cidade o favorecem. De diferencial, aliás, em relação às medidas sanitárias, Paraty pode exibir as ações e investimentos na área de proteção social. Com recursos próprios e de forma corajosa, a cidade decidiu amparar como pode aos mais pobres, à quem dependia da escola como fonte de alimentação e aos que perderão receita durante a crise. Luciano Vidal poderá ser lembrado como um prefeito que não deixou de cuidar também da vida das pessoas, mesmo num momento grave como este.

A crise vai passar, isso é certo. Todos parecem concordar que a situação ainda pode piorar, antes de melhorar, mas breve será ultrapassada. Para nós, que estamos passageiros das decisões de governos, o alento é saber que, por aqui, os prefeitos foram líderes de fato e as autoridades não escolheram brigar com a lógica e com a ciência preferindo, às suas expensas e custo político alto em alguns setores, tomar as medidas que a maioria da população considera acertadas. Sairão os dois da crise, sem dúvidas, com mais este discurso na manga para conversar com a população.

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(*) Klauber Valente é jornalista, editor do Tribuna Livre. Pós-graduado em administração pública pela FGV/RJ, foi presidente da Fundação de Turismo de Angra entre 2015/16. Atualmente é diretor-secretário do Angra e Ilha Grande Convention & Visitors Bureau (ACVB).

Fotos: Reprodução

Publicado antes na edição impressas do Tribuna Livre (nº 278)

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