Os macacos podem ser as vítimas mais indefesas da ocorrência de febre amarela na Ilha Grande, com riscos até de uma desequilíbrio na fauna da localidade. Isso porque eles são os primeiros a serem infectados pela doença e são praticamente indefesos. Nas últimas semanas, moradores da Ilha Grande relatam com frequência o encontro de cadáveres ou mesmo de animais aparentemente doentes andando pelas trilhas da localidade. Os gritos dos animais da espécie bugio, que eram comuns na Ilha, também não estão sendo ouvidos mais com tanta frequência.

— Os animais estão morrendo. A gente percebe. Pior é que parece que não podemos fazer nada para impedir — desabafou um morador da Ilha num grupo de mensagens.

O ativista ambiental Ivan Neves confirmou ao Tribuna Livre que a situação na Ilha é preocupante, inclusive para os animais. Ivan explica que além das mortes causadas pela doença, casos de violência contra os primatas também foram registrados, agravando as agressões à espécie. O ambientalista, que foi subprefeito na Ilha Grande entre 2013 a 2014 acredita que o risco de desaparecimento dos animais é real.

— Não se trata de alarmismo. O extermínio do macaco bugio na Ilha Grande é tão possível quanto no caso de outras espécies já extintas na flora da Mata Atlântica por ações desastrosas por parte do Estado ou por pessoas que agem como inimigas da natureza — acredita Ivan.

Os macacos são importantes para alertar os humanos sobre a presença do vírus da doença em uma região. O que caracteriza a transmissão silvestre, além do mosquito envolvido, é que os insetos transmitem o vírus e se infectam a partir de um hospedeiro na mata, no caso o macaco. Mas os macacos não são responsáveis pela transmissão da febre amarela. A doença é transmitida pelos mosquitos. Por desconhecimento disso, em muitos locais do Estado, houve ataques contra os animais.

— A situação poderá se agravar caso não tenha uma ação coordenada de inteligência para minimizar os estragos desta tragédia. Há anos a Humanidade convive com doenças transmitidas pelos humanos e por outras espécies da natureza. Isso não é novidade pois há avanços no campo da ciência para se conter essas doenças, mas nenhuma destas soluções inclui o extermínio de alguma espécie — alerta o ambientalista.

A recomendação da secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro é que, ao encontrar macacos mortos ou doentes (animais que apresentam comportamento anormal, que estejam afastados do grupo, com movimentos lentos etc.), o cidadão deve informar o mais rápido possível à secretaria de Saúde municipal.

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Publicado antes na edição 206 do jornal Tribuna Livre.

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