A condução coercitiva de Lula e a morte da ‘presunção da inocência’

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Antes de tudo, um aviso a quem pretende ler este texto até o final: sou fã de Lula. Nenhum brasileiro teve, ou terá, trajetória tão extraordinária quanto a dele. Jamais o Brasil verá novamente ascender ao comando central do país, um brasileiro autêntico, oriundo dos grotões e cuja formação social é congênere da maioria dos seus conterrâneos. Isso é um fato.

Dito isso, vejo que a tal ‘condução coercitiva’ imposta a Lula seja apenas um teste político. Desnecessária no âmbito do devido processo legal, ela serviu tão somente para provar a autoridade de um juiz de primeira instância, alimentar acordos de submundo com a mídia e, quem sabe, sacudir um pouco mais a República na esperança de que Dilma seja apeada do Poder por um golpe. Todo aparato policial e midiático envolvido para conduzir Lula expressa ainda, bem claramente, a morte da ‘presunção da inocência’, um dos pilares do sistema cível e penal brasileiro. “Todos são inocentes até prova atestada em juízo”, é o que diz a Lei. Não para Lula.

Para Lula, o artigo 5º da Constituição Federal não vale. Ele não negou ter conta na Suíça, não é réu em nenhum processo, não é condenado na Justiça de qualquer país (nem no Brasil), não se evadiu do país, enfim… Seu crime principal, penso eu, seja continuar sendo uma alternativa de poder para milhões de brasileiros. Alternativa que deve ser barrada, interrompida, a qualquer custo. Com quaisquer mecanismos, legais ou não. Por esse ‘crime’, Lula já está condenado. A presunção de inocência para ele não vale. E palmas para a plutocracia!

Isso quer dizer que Lula é inocente dos crimes de que é acusado? Não. E se for culpado que seja igualmente punido, como são todos os que a lei seletivamente alcança. Pois há Justiça no Brasil, que o digam os negros, os pobres, as mulheres e agora, os petistas. Talvez não haja na mesma proporção para outros grupos políticos e sociais mas, para estes, a Justiça não tarda e nem falha.

Fechado o primeiro ato vamos torcer para que o Brasil sobreviva à ascensão da Justiça parcial; sobreviva à heroicização do juiz de primeira instância, plenipotenciário e discricionário; e sobreviva ao imposto racha entre vencedores e vencidos, nos quais os últimos nunca dão o braço a torcer. Lula é forte como o Brasil. Ambos hão de sobreviver. ‪#‎tocomlula‬

Lula ainda incomoda

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