Bastou apenas que a intenção da prefeitura de Volta Redonda em contratar uma organização social (OS) para gerir o Hospital São João Batista (HSJB) viesse ao público, para que vereadores da oposição e até da situação na Câmara da cidade criticassem a medida. Para alguns parlamentares seria temerário que a gestão da unidade de saúde fosse passada a uma entidade privada. Eles também se queixaram da falta de transparência do governo municipal, já que alguns souberam da medida por meio de um aviso de chamamento público publicado pela secretaria de Saúde, no boletim ‘VR em Destaque‘, que não tem grande circulação. A publicação, no dia 1º de agosto, motivou um debate na volta do recesso parlamentar. Os vereadores estavam surpresos e preocupados com a questão. A prefeitura de Volta Redonda, porém, optou por não comentar.

Atento, o vereador Washington Uchôa (PRB) apresentou um requerimento pedindo informações sobre o assunto. Ele quer receber o edital nº 002/2019 e saber qual o custo mensal do HSJB. Uchôa também pediu informações sobre quanto será gasto com a futura OS e qual a justificativa para que o município abra mão da gestão no hospital, entre outras perguntas sobre número de funcionários, garantia de direitos trabalhistas e um pedido de avaliação sobre a mudança na gestão do Hospital Munir Rafull (Retiro), que está sendo gerido por uma organização social.

Já o vereador Washington Granato (PTC) (foto) afirmou que os parlamentares foram surpreendidos pela publicação do chamamento no jornal oficial da prefeitura e criticou o que considerou como uma falta de diálogo mais franco e de cuidado com a Casa Legislativa num tema de tamanho interesse público como a Saúde.

— Realmente nos deixa preocupados em razão de no Hospital do Retiro estar havendo reclamação grande. Reclamações estas que motivaram ao vereador Jari Oliveira (PSB) a convocar a coordenadora da OS Mahatma Ghandi, Michelle Almeida Mendes, a prestar esclarecimentos — comentou o vereador.

Granato mostrou-se ainda preocupado com os gastos na unidade médica nos últimos anos. Segundo ele, antes da entrada da OS, as despesas com medicamentos e insumos giravam em torno de R$ 1,8 milhão a até R$ 2,2 milhões em épocas de movimento. Os números agora, sob a gestão privada, teriam dobrado, garante o parlamentar.

— Atualmente, estas despesas foram elevadas para R$ 4 milhões. Levando-se em consideração de que temos um repasse do Fundo Municipal de Saúde em torno de R$ 10 milhões mensais, só no Hospital do Retiro está ficando 40% do total. Já imaginou se no Hospital São João Batista ficar outros 40%? Só aí serão 80%, restando apenas 20% para atender ao restante das unidades de saúde — questionou Granato.

O parlamentar disse que considera tranquilo conversar com o prefeito Samuca Silva (PSDB) a respeito do assunto e que o Poder Executivo deve dizer à população quais seriam os pontos positivos desta mudança de gestão.

— Os negativos todos nós conhecemos, pois diariamente nos é comunicado sobre o péssimo atendimento, falta de medicamento, entre outras coisas. Será que é eficaz mais uma OS, desta vez no HSJB, que é um hospital de referência na região? — pergunta Granato, defendendo que a Comissão Permanente de Saúde da Câmara busque o prefeito Samuca para esclarecer estas dúvidas.

Cautela — O líder governista, vereador Paulo Conrado (PRTB) (foto), que também é membro da Comissão de Saúde da Câmara, optou pela cautela, mas lembrou que a política de terceirização da gestão na saúde municipal não é novidade no governo Samuca.

— Houve uma definição de que a concessão da administração do Hospital Munir Rafful  serviria como um laboratório. Fui pego de surpresa com esta notícia sobre o São João Batista. Não vejo motivo para conceder o HSJB para uma OS. Se apresentar motivo vamos avaliar, mas não há — disse o parlamentar.

Ainda de acordo com Paulo Conrado, é preciso ver primeiro se as mudanças no Munir Rafful estão sendo boas para só depois partir para uma mudança no São João Batista.

Outro integrante da oposição, o vereador Nilton Neném (PSB), disse que uma eventual mudança, se não for bem feita, gerará problema e reclamações para os vereadores também e que a Casa deve estar atenta para acompanhar e fiscalizar.

— Já está havendo um movimento na cidade em razão do Hospital São João Batista e isso vai acabar aqui dentro da Câmara. A população vai lotar as galerias para reclamar, e com razão, que o atendimento está prejudicado e só faz piorar — salientou Neném.

O Tribuna Livre, em parceria com a reportagem do nosso colaborador local, o site Gazeta dos Bairros, aguarda posicionamento sobre o assunto oriundo da secretaria de Comunicação Social da prefeitura de Volta Redonda. Até a publicação desta reportagem, a prefeitura optou por não comentar o assunto.

Fotos: Reprodução

Com informações do site Gazeta dos Bairros

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