A aposta de 9 entre 10 observadores do mercado elétrico brasileiro e da Imprensa que cobre há anos o desenvolvimento da área nuclear do país é que o governo federal está próximo de anunciar as condições para a retomada e conclusão da obra da usina Angra 3. Uma negociação complexa, que inclui preço de tarifa, ações da privatizada Eletrobras e até o banco dos Brics (instituição financeira dos países em desenvolvimento) estaria sendo construída antes de um anúncio oficial do presidente Lula. A volta da obra de Angra 3 foi o tema principal da reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) ocorrida na terça-feira, 10. Ao fim do encontro, mais uma vez, a decisão foi adiada.
À frente da defesa pela conclusão da terceira usina nuclear brasileira está o ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia, com a simpatia também do ministro da Casa Civil, Rui Costa. No ano passado, o governo cogitou incluir a obra no anúncio do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), desistindo, no entanto, pelo desafio de financiar o empreendimento, cuja conclusão deverá consumir ainda R$ 30 bilhões. Um ano depois esta questão foi objeto de estudo feito pelo BNDES, a pedido do governo, indicando a forma de financiar a conclusão e o custo final que inclui taxas de financiamento de empréstimos anteriores feitos pela Eletronuclear.
O projeto de construção de Angra 3 fazia parte do acordo Brasil-Alemanha para a instalação de usinas nucleares no Brasil e previa a cooperação técnica e financeira entre os dois países para o programa nuclear brasileiro. O programa teve início na década de 1970, durante a gestão militar do país, quando Brasil e Alemanha firmaram o acordo para desenvolvimento da tecnologia nuclear. As obras de Angra 3 começaram em 1981 e foram paralisadas diversas vezes por aumentos de custos na construção. A última interrupção veio na esteira da Operação Lava Jato, em 2015, após suspeitas de corrupção. Já foram investidos R$ 8 bilhões na construção, que está 67% concluída. Uma das defesas da Eletronuclear, empresa que gere o complexo nuclear em Angra, é que deixar de concluir Angra 3 custaria mais caro, a longo prazo, que colocá-la em operação em 2031 (na perspectiva de momento).
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