Parlamentares do Rio de Janeiro, empresários e autoridades do setor no Estado relançam na próxima segunda-feira, 12, a Frente Parlamentar em Defesa da Indústria Naval do Estado do Rio de Janeiro. O movimento suprapartidário é coordenado a partir da Assembleia Legislativa do Estado (Alerj), por iniciativa do deputado Waldeck Carneiro (PT). Segundo ele, o Rio de Janeiro tem a obrigação de lutar pela reconquista dos empregos nos estaleiros, que foram praticamente dizimados como reflexo da Operação Lava-Jato, a partir de 2015. Em todo o Rio hoje apenas o estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis, está funcionando, com pouco mais de 1,6 mil funcionários.
— Queremos mobilizar a sociedade fluminense em defesa da recuperação da indústria naval, da retomada dos investimentos no Complexo Comperj (em Itaboraí), da manutenção da política de conteúdo local e da resistência à política atual da Petrobras — explica Waldeck, que preside a Comissão de Ciência e Tecnologia da Assembleia.
Em todo o país, o setor naval chegou a empregar 84 mil trabalhadores diretos e mais de 780 mil indiretos em todo o país. A revista Portos & Navios estima que nos últimos quatro anos foram eliminados 60 mil empregos, boa parte de mão de obra qualificada. De acordo com o Sindicato da Indústria Naval (Sinaval,) que reúne as empresas do setor, os estaleiros brasileiros empregam atualmente 25 mil trabalhadores no país. Número que pode ser reduzido ainda mais em 2020. O Estado do Rio foi o que mais perdeu postos de trabalho: aproximadamente 25 mil pessoas.
— Mobilizaremos a bancada federal do Rio de Janeiro e convocaremos entidades de classe e instituições interessadas no desenvolvimento econômico do Estado. Vamos promover debates, simpósios, seminários e outros eventos, além de apoiar reivindicações no que tange à criação da infraestrutura necessária para fomento da indústria naval do Estado — declara Waldeck.
Petrobras defende o fim da política de conteúdo nacional mínimo
Um dos primeiros desafios da Frente Parlamentar é enfrentar a Petrobras e o governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) em defesa da política de conteúdo nacional mínimo, implantada a partir de 2004 na gestão do ex-presidente Lula (2003-10). A regra previa que mais da metade dos contratos da estatal deveria ser feito no Brasil, gerando empregos em estaleiros nacionais. Bolsonaro é crítico deste modelo e não se comprometeu com ele na campanha eleitoral de 2018. O ex-presidente Michel Temer (2016-18) também já havia autorizado a empresa a descumprir a norma.
Em maio de 2017, a Comissão de Economia da Alerj já havia feito uma audiência pública sobre a retomada dos empregos e da política de conteúdo nacional na indústria naval. Na ocasião houve um debate com os sindicatos dos metalúrgicos para a retomada do segmento. Pouco ou nada avançou desde então.
— Os estaleiros viraram galpões de sucata no fim dos anos 90. A partir dos anos 2000, porém, houve uma intervenção do governo federal na área de compras da Petrobras, que é a maior cliente do setor. Milhares de empregos foram criados. Hoje o setor sofre um novo processo de desmonte. Precisamos discutir encaminhamentos objetivos para a política de conteúdo nacional, tentando restabelecer os empregos neste segmento — defende Waldeck.
— O que aconteceu com o Comperj foi um baque para o setor, pois nestes três municípios reside a maior parte dos empregados da indústria naval da região metropolitana — afirma ele.
O lançamento da Frente Parlamentar em Defesa da Indústria Naval do Estado do Rio de Janeiro será na próxima segunda-feira, 12, às 10h, no plenário Barbosa Lima Sobrinho da Assembleia Legislativa do Rio, na Praça XV, no Rio de Janeiro.
Fotos: Divulgação
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