Mais de 100 km de estrada e uma travessia marítima separam o colégio estadual Brigadeiro Nóbrega, na Vila do Abraão, na Ilha Grande, e a Quinta da Boa Vista, na Zona Norte do Rio. A distância foi só um dos obstáculos que os alunos da unidade venceram na quarta-feira, 29, para participarem da Corrida de Orientação, em que o objetivo é usar mapas e bússolas para localizar pontos de controle escondidos no terreno, no menor tempo possível.
Saindo bem cedo da Vila do Abraão, os estudantes fizeram a travessia de barco até o cais e rumaram em seguida para o Rio em um ônibus. Já no parque, ainda pela manhã, foram recebidos pela equipe do ‘Se Orienta Rio’, grupo que promove a corrida em diversos pontos do estado e que os ensinaram sobre leitura de mapas, uso de bússola, elevações, curvas de níveis e símbolos cartográficos.
Separados em quatro times, os estudantes percorreram o parque em busca dos prismas que sinalizavam seu objetivo inicial. Em cada um deles os alunos-atletas precisavam registrar sua passagem pelo local para poder avançar na disputa. Com apoio da direção da unidade, a professora de Educação Física, Elizete Silva, coordenou a atividade na Quinta da Boa Vista.
— Além de desenvolver habilidades físicas e emocionais, o esporte está associado ao meio onde eles vivem, a Ilha Grande, que é repleta de relevos e florestas. Viemos aqui para que eles possam conhecer outros espaços semelhantes e desenvolverem essas habilidades. Também estudamos os mapas para levar para os professores de Geografia que vão explorar o tema e os alunos também farão uma redação para a disciplina de Língua Portuguesa, explicando o que foi a atividade — contou a docente.
Para a aluna Mariana Paula, da 3ª série do Ensino Médio, a experiência foi incrível.
— Eu nunca tinha feito nada assim antes e foi muito gratificante. O pessoal foi ficando mais motivado a cada ponto que encontravam. Aí depois, quando a gente olhou pra trás e viu tudo que fizemos, ficamos com o coração cheio e muito felizes. Agora eu penso em fazer mais vezes — disse a jovem, em depoimento à equipe do projeto.
Uma das responsáveis pelo ‘Se Orienta Rio’, a professora Mére Quirino, que é tetracampeã brasileira da modalidade, explicou que a Corrida de Orientação é comparada a uma meia maratona e traz inúmeros benefícios físicos e mentais para os participantes, indo muito além da diversão e da aventura.
Segundo ela, a atividade perpassa pela localização e orientação espacial, ou seja, pela disciplina de Geografia, mas com o acréscimo da Educação Física. Por conta dos objetivos, os alunos precisam responder a perguntas como “onde estou? Para onde vou? Como vou?”, Desta forma, eles acabando desenvolvendo memória fotográfica, coragem, concentração, foco, tomada de decisão e planejamento de rotas, além do contato com a natureza.
— A orientação ajuda muito na concentração do aluno, uma vez que ele precisa ler o mapa, traçar rotas adequadas para transposição dos obstáculos, fazer cálculos e identificar o trajeto mais coerente para chegar ao objetivo, além de trabalhar o condicionamento físico, já que ele também precisa subir morros, correr e caminhar — disse.
O “Se Orienta Rio” vai para a 9ª edição na próxima semana e as corridas acontecem sempre em lugares diferentes como a Floresta da Tijuca e Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, Queimados, na Baixada Fluminense, Quatis e Barra do Piraí, no Sul Fluminense, entre outros espaços. Os encontros são gratuitos e abertos para todos. Os desafios acontecem quinzenalmente conforme cronograma divulgado em seu perfil no Instagram (@seorientario). Para participar basta fazer a inscrição prévia e comparecer no dia marcado.
Os alunos de Angra voltaram para a Ilha Grande com a sensação de dever cumprido e com a vontade de explorar novas perspectivas e lugares, tendo um olhar mais atento à natureza e aos desafios que podem vir a superar.
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