Em visita à Fiesp, Lula cita Angra e promete recuperar empregos no setor naval

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Apresentação de Lula na Fiesp reuniu mais de 300 pessoas | Foto: Ricardo Stuckert

O ex-presidente Lula (2003-10) esteve na sede da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) nesta terça-feira, 9, e falou especificamente de Angra dos Reis ao referir-se à necessidade de recuperar os parques industriais do país. Lula, candidato novamente à Presidência pelo PT, afirmou que pretende, se eleito, recuperar empregos e investimentos no setor naval brasileiro.

— Eu tinha um sonho de recuperar a indústria naval brasileira. Quando eu ganhei as eleições (em 2002), eu fui em Angra dos Reis provar que a gente poderia recuperar a indústria naval. O presidente do BNDES na época disse que não tinha como recuperar e me chamou de demagogo. Pois bem, nós não só recuperamos, como chegamos a 86 mil trabalhadores. Hoje isso acabou também. Os estaleiros estão fechando — queixou-se o ex-presidente.

Além de citar a geração de mais de 80 mil empregos diretos no setor naval a partir da decisão de instituir um índice de conteúdo nacional nas encomendas de navios e plataformas da Petrobras, Lula disse que a medida levou à criação de dezenas de médias e pequenas empresas pelo país afora.

— Quando nós aprovamos a medida de exigência do conteúdo nacional em cada navio, sonda e plataforma, pouca gente defendeu a gente. Nós apanhamos pra caramba. E agora acabou. Foram criadas muitas empresas para produzir coisas para a indústria naval e tudo isso acabou. Obviamente nós vamos retomar isso — prometeu ele.

A medida de conteúdo nacional mínimo foi mantida pela presidente Dilma (2011/16) e descartada a partir do mandato do presidente Michel Temer (2016/18). A ausência da exigência de conteúdo nacional nas contratações foi mantida na atual gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL) e já não existe mais. Em todo o Brasil, o estaleiro Keppel Fels, em Angra, é praticamente o único de grande porte ainda em atividade no país, com pouco mais de 2,5 mil empregados.

No debate com os empresários paulistas, o ex-presidente também citou a indústria de automóveis e destacou que, em 2010, o país vendia mais de 3,8 milhões de veículos por ano, nível que foi reduzido este ano a menos de 1,8 milhão. Lula disse que o Brasil precisa retomar uma política de valorização da indústria e modernização do emprego, considerando o avanço da tecnologia e a concorrência internacional.

O encontro de Lula na Fiesp foi o mais concorrido da série com os presidenciáveis, reunindo mais de 300 espectadores. Jair Bolsonaro, que disputa a reeleição, cancelou sua participação no evento por críticas à iniciativa de defesa da democracia liderada pela entidade.

Foto: Divulgação/Ricardo Stuckert

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