Eletronuclear promove corte inédito de despesas para enfrentar déficit

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Empresa fará cortes de despesas em todas as áreas | Foto: Arquivo/Eletronuclear

A Eletronuclear tornou pública esta semana uma série de medidas de ajuste financeiro e organizacional que visam reduzir os prejuízos da companhia e garantir a sustentabilidade da empresa visando a continuidade do projeto da usina nuclear Angra 3. Algumas decisões têm impacto no dia a dia de colaboradores, em serviços que a empresa prestava há vários anos e no status quo da vida cotidiana dos funcionários residentes nas vilas em Angra dos Reis e Paraty. É a primeira vez que a empresa enfrenta algumas destas questões.

Entre as principais ações estão a revisão do organograma, a redução de despesas operacionais e a implementação de um plano de demissão voluntária (PDV). De acordo com a Eletronuclear, as iniciativas visam otimizar a gestão e alinhar os custos da empresa ao orçamento regulatório da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

A reestruturação organizacional, aprovada pelo Conselho de Administração em 27 de janeiro, entrará em vigor em 1º de abril de 2025 e pode gerar economia anual de R$ 3 milhões. O novo organograma reduziu níveis hierárquicos, eliminou sobreposições de atividades e extinguirá 43 cargos de chefia, reduzidos de 116 para 73. Segundo Raul Lycurgo, presidente da empresa, as mudanças buscam eficiência e agilidade, sem comprometer a segurança operacional das usinas Angra 1 e Angra 2.

Além da reestruturação, a empresa reduzirá custos com Pessoal, Material, Serviços de Terceiros e Outros (PMSO), que ultrapassaram em mais de 50% o valor concedido pela Aneel nos últimos anos. Em 2023, os gastos chegaram a R$ 1,78 bilhão, contra R$ 1,1 bilhão autorizados pela agência reguladora. Para reverter esse cenário, a Eletronuclear implementou medidas como a revisão de contratos, otimização de processos e controle rigoroso de despesas, com a meta de alcançar o equilíbrio financeiro até o final de 2026.

— Em 2023, aproximadamente R$ 700 milhões saíram do caixa da companhia sem cobertura tarifária. Ainda em 2023, o orçamento para 2024 apontava para gastos na companhia com PMSO de R$2,4 bilhões, enquanto que o PMSO da Aneel era de R$1,4 bilhões. Se isso se concretizasse, seria um déficit de R$ 1 bilhão — diz nota da companhia.

Outra medida adotada é a cobrança de uma taxa para custear a manutenção das vilas residenciais dos funcionários em Angra. O pagamento da taxa cobrirá despesas como limpeza, água, luz e IPTU. A iniciativa faz parte de um esforço para ajustar benefícios não previstos em editais de concurso e garantir uma gestão mais sustentável.

A Eletronuclear também revisou seu Plano de Negócios e Gestão (PNG) para o período 2025-2029, alinhando-se a práticas internacionais do setor nuclear. O plano prioriza a segurança, a confiabilidade e a sustentabilidade financeira, além de prever a extensão da vida útil de Angra 1 e a retomada das obras de Angra 3, condicionada a decisões do governo federal. O presidente Raul Lycurgo destacou que as medidas são essenciais para assegurar o futuro da geração de energia nuclear no Brasil.

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