Qualquer que seja o resultado da eleição para a Prefeitura de Angra, uma outra disputa, bem mais imprevisível, trava-se para definir a composição da futura Câmara Municipal de vereadores, que, a partir do ano que vem contará com 14 cadeiras. À primeira vista, saltam aos olhos dois grandes partidos que podem, a princípio, disputar a hegemonia na próxima legislatura. O Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido da República (PR) são, de longe, as legendas com maior possibilidade de elegerem a maioria na futura composição da Casa.
A análise a seguir leva em conta a composição das chapas a vereador, o desempenho de alguns candidatos nas eleições de 2008, já que alguns são candidatos à reeleição ou tentam nova chance, e a própria campanha nas ruas este ano. Claro que podem surgir surpresas, como na eleição passada quando Leandro Silva (então no PR) foi o mais votado do município, mas, em geral, a futura Câmara não deverá ter muito alterada a atual disposição de forças no Poder Legislativo. PT e PR levam vantagem sobre os outros partidos porque têm, de longe, os candidatos mais competitivos. No PT, três vereadores disputam a reeleição e o partido conta ainda com novas lideranças que têm tido bom desempenho na campanha. Os atuais vereadores Lia, Dr. Ilson Peixoto e Antônio Cordeiro disputam a preferência dos eleitores da legenda com os jovens Eduardo Godinho, Gustavo do Esporte e Afif Naim. Logo em seguida vêm Guedes, Fábio Macedo e Julio Magno (da Propescar). O PT pode ser favorecido por uma votação expressiva de legenda, uma característica do partido, atrelada a um possível bom desempenho de Conceição nas urnas. Já no PR, a disputa é mais acirrada. Como faz questão de destacar o próprio presidente da  legenda, Aurélio Marques.
– Temos cerca de dez candidatos com potencial de superar os 1,2 mil votos. Isso nos dá alguma esperança de eleger a maior bancada – disse ele, há duas semanas ao Tribuna.
No PR são candidatos a mais votados, o atual vereador José Maria, seguido por Dr. Altino, Sargento Thimóteo, Claudinho da Luta Livre, Kamu e Luiz Bambu.
Mudanças – Nos demais partidos que hoje compõem a Câmara não deve haver surpresas. O PMDB, por exemplo, deve repetir a votação de 2008 e eleger dois vereadores. Os mais votados podem ser Jorge Eduardo Mascote e Marco Aurélio Vargas, ambos disputando a reeleição. Correm por fora os ex-vereadores Fiote e Carlinhos Santo Antônio e o empresário Léo da Marmoraria. O desempenho de Fernando Jordão ajudar a legenda.
O PCdoB, em coligação com o PP, também deverá eleger dois vereadores. Um pode ser o atual presidente da Casa, Dr. José Antônio, que disputa a reeleição. A segunda vaga poderá ficar com Helinho do Sindicato dos Metalúrgicos, Lúcia Conde ou Marcelo Índio (PP). A candidatura de Essiomar Gomes (PP) continua suspensa e seus votos poderão ser anulados. A situação de Essiomar é a mesma de Vilma dos Santos (PRB), também enquadrada na Lei da Ficha Limpa. Se os votos dela forem anulados, dificilmente o partido terá legenda para eleger parlamentar.
Criado em maio desse ano, o PSD disputa sua primeira eleição e pode até eleger dois parlamentares. Os favoritos são Dra. Cássia, Aguilar, Zé Augusto, Chapinha e Jane Veiga.
Surpresas – Como nem tudo é previsível, a futura Câmara ainda pode ter espaço para azarões e candidatos que disputam a Casa pela primeira vez. Um deles pode sair da coligação PDT/PV. Disputam a liderança nesses  partidos, o empresário Kaká (PV), Moisés Ferreira (PDT), Diretor (PDT) e Jean (PDT), ex-conselheiro tutelar. Na coligação PSB/PTN/PHS também há chance de surpresa, embora o vereador Manoel Parente (PHS) seja o favorito para chegar em primeiro.

O complicado coeficiente eleitoral

Na disputa proporcional ao Legislativo, nem sempre quem tem mais votos é eleito. Antes de contar os votos nominais dados aos vereadores, são contados os votosda coligação ou partido. O complicado coeficiente eleitoral é que define quantos vereadores cada legenda poderá eleger. A conta para alcançar o coeficiente é simples: divide-se o número de votos válidos (menos brancos e nulos) pela quantidade de cadeiras em disputa. Em Angra são 14. Como a média de ausências e nulos na cidade beira os 20%, os dirigentes partidários estimam em 6,6 mil votos, o coeficiente eleitoral desta disputa. Ou seja, antes de eleger vereador, cada partido ou coligação precisa alcançar os 6,6 mil votos.
A partir daí este número é multiplicado para cada cadeira ocupada. Um partido que alcançar, por exemplo, 13 mil votos terá dois vereadores e assim sucessivamente. Como a conta não é exata, durante a apuração, os votos em excesso, chamados de ‘sobra’, são contados para ir ocupando as demais posições. Partidos com sobra maior, elegem mais um e assim até a composição final.

Publicado antes na edição impressa do Tribuna Livre.

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