Já escrevi aqui no Tribuna Livre, certa vez, ou até mesmo mais de uma vez, sobre as análises do jornalista Merval Pereira, do jornal ‘O Globo’, a respeito das eleições presidenciais de outubro, bem como sobre o comportamento da mídia sobre este assunto. Há alguns meses, por exemplo, registrei num post ( http://www.tribunalivreangra.com.br/novotribuna/novidade-nas-eleicoes-ao-senado-lindberg-vence-as-previas-internas-no-pt/ ), a ‘previsão’ de Pereira para uma vitória fácil do então governador de São Paulo, José Serra (PSDB/DEM), sobre a então ministra Dilma Roussef (PT/PMDB). Afirmava ele, à época, que a mesma seria ‘no primeiro turno’. Suas previsões estavam baseadas em pesquisas e projeções a que teria tido acesso. Talvez uma deles tenha sido do próprio presidente do Ibope, Montenegro, que fizera a mesma previsão no final do ano passado. Mas, deixa pra lá!

 Não leio o jornal ‘O Globo’ com regularidade. Já fui assinante mas hoje compro eventualmente. Vez por outra, no entanto, acabo esbarrando com a publicação por aí e, quase sempre, me vejo parado a ler a opinião de Merval. Por coincidência (ou não) em sua coluna desta quarta-feira, 4, o colunista voltou ao tema ‘Eleições 2010’ e, pasmem, apresentou nova previsão sobre o desfecho do certame de outubro.

 Novamente com base em pesquisas e na opinião de ‘especialistas’, e não com um certo desgosto, Pereira vaticinou que Dilma Roussef caminha para ser eleita no primeiro turno como a próxima presidente do Brasil. “A opinião predominante entre os especialistas, é a de que a vitória de Dilma é inevitável, justamente por causa de Lula’, subscreve o jornalista. O texto segue com vários argumentos para justificar esta premissa, desde a popularidade de Lula até projeções para todo o país. Em certo trecho ele até repisa o argumento que postei esta semana sobre a importância da votação de Dilma no Rio de Janeiro e até sugere à campanha Serra que peça votos (?) para Marina Silva (PV).

 Bom, após ler toda a coluna (fato raro), fiquei perguntado-me: mudou Merval? Mudaram as pesquisas? Mudou Dilma? Ou mudou o Brasil? Sei lá.

 O fato é que, na eleição em que a mídia promete uma parcialidade sem precedentes desde a redemocratização, talvez só semelhante ao pós-Getúlio, os jornais e institutos de pesquisa parecem estar sendo vencidos pelo sentimento óbvio na população, de que não deverá haver mudança de rumos na condução do país a partir de 2011, e, por isso, começam a aproximar seus dados e opiniões a esta realidade, sob pena de perderem credibilidade, principal ‘commodity’ dos meios de comunicação. O esforço feito até aqui para tirar Lula do noticiário, marginalizar sua participação na campanha Dilma e até mesmo o indispor com setores relevantes como a Igreja e o Judiciário não parece ter produzido o efeito esperado em sua popularidade e potencial de transferência de votos.

Seja como for, vou aguardar uma nova opinião de Merval Pereira ou previsão que, de repente, possa assegurar, quem sabe, um segundo turno feminino. Com a inteligência e perspicácia dele, não seria difícil prever algo assim.

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