O evento foi uma oportunidade única para fomentar o diálogo sobre saúde | Foto: Vinicius Carvalho (OTSS)

O 1º Encontro Internacional de Territórios e Saberes (EITS), realizado entre 9 e 15 de setembro de 2024, em Paraty (RJ), representou um marco histórico na articulação de saberes científicos e tradicionais. O evento foi uma oportunidade única para fomentar o diálogo sobre saúde, sustentabilidade e os desafios globais, como mudanças climáticas e segurança alimentar, com base no conhecimento ancestral de povos e comunidades tradicionais. Participam mais de mil pessoas, incluindo representantes indígenas, quilombolas, caiçaras e de outras comunidades da América Latina, África e Europa. A programação inclui oficinas, mesas redondas, visitas de campo e exibições culturais, ressaltando o papel vital dessas comunidades na preservação da biodiversidade e no avanço dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Este evento também reforça o compromisso da Fiocruz, junto com parceiros como a Universidade Federal Fluminense (UFF) e o Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT), em promover o desenvolvimento sustentável por meio da interação entre saberes.

A escolha de Paraty como sede não é por acaso, já que a cidade é parte do Sítio Misto do Patrimônio Mundial da Unesco, reconhecido pelo protagonismo de seus povos tradicionais, que vivem em harmonia com a natureza e praticam um manejo sustentável dos recursos naturais. Entre os palestrantes de destaque estão Paulo Gadelha, coordenador da EFA 2030 da Fiocruz, que aborda as oportunidades de articular a Agenda 2030 à promoção de territórios sustentáveis, e líderes indígenas como Julio Karai, representante da Comissão Guarani Yvyrupá. Esse encontro transcende fronteiras, envolvendo 22 países, e não apenas fortaleceu a rede de conhecimentos, mas também ampliou as estratégias de conservação e promoção da saúde a partir da sabedoria de povos que protegem alguns dos ecossistemas mais valiosos do planeta.

No dia, 11/9, em destaque, a Fiocruz reafirmou seu compromisso com o desenvolvimento sustentável e a defesa dos territórios tradicionais durante o EITS, em uma série de atividades que contaram com a participação do representante da EFA 2030.

No primeiro momento, o “Espaço Indígena” foi palco da Oficina Fiocruz do Futuro: Perspectivas Institucionais para a Atuação Territorializada, que trouxe reflexões sobre como os saberes tradicionais podem contribuir para as ciências da vida e para a promoção da saúde no contexto da Agenda 2030. Paulo Gadelha destacou a importância estratégica da atuação na Bocaina:

 “A Câmara Temática de Povos e Comunidades Tradicionais da Comissão Nacional dos ODS já aponta, em seu plano de trabalho, a região da Bocaina como um território de aprendizagem para a territorialização da Agenda 2030 no contexto de povos e comunidades tradicionais. Isso abre uma nova frente de articulação para a Fiocruz, articulando a Agenda à promoção de Territórios Sustentáveis e Saudáveis a partir do diálogo entre saber científico e tradicional”, afirmou.

As discussões se centraram na operacionalização da saúde em defesa da vida, focando no bem viver e na melhoria da qualidade de vida das populações locais e na forma como as ciências podem aprender com a ancestralidade. Edmundo Gallo, coordenador do Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS), destacou a atuação de longa data da Fiocruz na região:

 “A Fiocruz já atua nesta região há 15 anos em parceria com o Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT) por meio do Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS). A proposta é constituir uma Rede de Formação em Desenvolvimento Sustentável e Promoção da Saúde, articulada ao SUS, a partir da qual diferentes programas e unidades da Fiocruz, órgãos de governo, universidades, movimentos sociais e organizações de representação de povos e comunidades tradicionais possam avançar na articulação entre saber científico e tradicional para a promoção de Territórios Sustentáveis e Saudáveis”, complementou.

Os debates abordaram a importância de fortalecer projetos territorializados, exemplificados pela atuação do OTSS. Esses projetos visam ampliar o intercâmbio de metodologias e estratégias para a promoção da saúde, alicerçadas no uso sustentável dos territórios. Também marcaram presença Hermano Castro, vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz (VPAAPS), e Vagner do Nascimento, representante do Fórum de Comunidades Tradicionais (FTC).

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