O jornalismo existe para contar boas histórias, daquelas que motivam, iluminam e que possam levar, sobretudo, a Humanidade a ter esperança. A solidariedade e o amor ao próximo são as bases da construção de um mundo melhor. Por isso a história de Loic Olichon merece ser contada, afinal, sua vida é fruto de um gesto incógnito de amor.
Loic Olichon tem 27 anos e trabalha como jornalista numa empresa de vídeo games. Levava uma vida normal, noivo e com planos para o futuro. Há quatro anos, porém, foi diagnosticado com uma doença congênita, a miocardiopatia não compactada. A enfermidade é rara e provavelmente surge ainda na fase de gestação.
Com a melhora do quadro então, o rapaz passou a ter uma vida normal durante quatro anos, com problemas regulados com medicamentos, mas sem sustos. Há dois meses, no entanto, quando voltava de uma viagem de trabalho ao México, teve uma emergência durante o voo e acabou sendo retirado do avião numa ambulância.
Ele foi trazido para a equipe médica da doutora Jacqueline Miranda, diretora do hospital Copa Star e do Instituto do Coração de Laranjeiras, no Rio. De novo internado, Loic voltou a depender da solidariedade, afinal, não havia mais alternativa, como explica o pai, Marc Olichon.
— Tentou-se um implante de um desfibrilador interno, mas quando ele foi para a sala de cirurgia teve duas paradas cardíacas e acabou em coma por dois dias. Transplante de coração era a única solução — explica Marc.
Após uma espera de 40 dias o novo coração apareceu. A complicada cirurgia ocorreu no dia 12 deste mês e agora Loic está em recuperação (foto), recebendo o apoio da família e de amigos. O pai agradece à família do doador pelo gesto e diz que é preciso incentivar esta consciência.
— Agora serão pelo menos seis meses de recuperação pois o transplante de coração é a cirurgia mais brutal que existe. Só tenho a agradecer e buscar conscientizar as pessoas sobre a importância da doação. Peço às famílias que doem os órgãos e salvem outras vidas como as do meu filho — apela o pai.
Mais de 100 órgãos para transplantes já foram transportados em helicópteros no Estado do Rio de Janeiro em 2019
O Programa Estadual de Transplantes da secretaria de Estado do Rio de Janeiro
(PET/RJ) já transportou mais de 100 órgãos em helicópteros em 2019. O Estado
tem hoje uma média superior a um órgão para transplante pelos céus a cada dois dias. Um feito que conta com apoio do Corpo de Bombeiros do Estado.
A marca de 100 órgãos transportados foi batida no final de julho, quando um voo levou dois rins de Campos dos Goytacazes até a capital. A viagem de mais de 300km é feita em pouco mais de uma hora e dez minutos. A rapidez no transporte é vital para salvar vidas.
— Nesse tipo de cirurgia, cada minuto faz diferença para que o órgão seja levado do doador para o receptor, pois quanto mais curto for o tempo entre a retirada do órgão doado e o implante no receptor, maiores são as chances de um bom resultado. Em áreas metropolitanas, o transporte aéreo garante a agilidade necessária — explica o secretário de Estado de Saúde, Edmar Santos.
No ano passado, a Costa Verde contribuiu para as estatísticas do programa PET/RJ. Tanto de Angra dos Reis como de Paraty já partiram doações, inclusive levadas por helicópteros. A parceria entre o Grupamento de Operações Aéreas dos Bombeiros e o Programa de Transplantes existe desde 2016, ano em que 17 órgãos foram transportados por helicópteros. No ano seguinte, foram 64; e em 2018, 105. Em 2019, o número já foi superado. Desde que foi criado, em 2010, o programa da secretaria de Estado já auxiliou na realização de mais de 15 mil transplantes em todo o Rio de Janeiro.
- Publicado antes na edição impressa do Tribuna Livre (nº 262)
Fotos: Arquivo Pessoal + Divulgação/SESRJ
APOIE O JORNALISMO DO TRIBUNA LIVRE
O Tribuna Livre é o único jornal da Costa Verde com presença regular na Internet. Nossa missão é levar informação relevante e de qualidade aos nosso leitores. Assine o Tribuna Livre e fortaleça o nosso trabalho. Para saber como assinar, clique aqui.