— Infelizmente estamos avisando há alguns meses sobre o fato de que, sem obras imediatas ou um aceno da Petrobras sobre a conclusão dos navios iniciados em 2013/14, no mês que vem podemos chegar a ter menos de 500 trabalhadores no estaleiro — alerta o dirigente, presidente da Fundação dos Trabalhadores do antigo estaleiro Verolme (Funtresve).
Levantamento informal estima que haja cerca de 2.000 funcionários ainda em atividade no Brasfels. O número já foi superior a 8.000 mas vem sendo desmobilizado desde 2014, quando a Petrobras paralisou as obras após o início das investigações da operação Lava-Jato. Alguns contratos da empresa brasileira com a Keppel Fels (controladora do estaleiro) apresentaram indícios de corrupção. Para complicar, após a posse do presidente Michel Temer (PMDB), em 2016, a Petrobras abandonou a política de conteúdo nacional mínimo instituída no governo do ex-presidente Lula (2003-10). Agora a estatal quer voltar a construir navios e plataformas no exterior, fragilizando a indústria nacional. A justificativa é que os estaleiros nacionais têm custo mais elevado, o que é rebatido tanto pelas empresas como pelos sindicatos. Levantamento de sindicalistas do setor no país estima que mais de 150 mil empregos foram fechados nos estaleiros do Sul, Nordeste e Sudeste brasileiros desde o início da operação Lava-Jato. O Sindicato dos Metalúrgicos de Angra ainda não se manifestou sobre as demissões desta quarta-feira, 6.
Mobilização — Para tentar alertar as autoridades federais sobre o ocaso da indústria naval no Rio de Janeiro, uma verdadeira romaria tem sido feita a autoridades como o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/RJ), ministros e parlamentares estaduais e federais. Até agora nada disso surtiu efeito. Há alguns dias, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, teria acenado com uma proposta que pode salvar os empregos no Brasfels, mas nada foi confirmado pela empresa.
Uma das propostas para reativar os empregos em Angra seria que a Petrobras sinalizasse o afretamento de alguma das quatro construções da empresa Sete Brasil que estão paradas no estaleiro. Uma delas já está com 94% da obra concluída, outra com 70%. Essas obras garantiriam 3 mil empregos imediatos por pelo menos cinco anos, evitando a demissão dos cerca de 2,5 mil trabalhadores que ainda restam no Brasfels. O problema é que as obras da Sete Brasil também estão num complicado processo de negociação com a Petrobras que envolve dívidas astronômicas, suspeitas de corrupção e indefinições políticas.
— Sem uma solução, as demissões vão continuar — previu Fernando.
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Com informações publicadas antes na edição nº 194 do Tribuna Livre.
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