Enquanto as cidades se desdobram para tentar conter o avanço da epidemia de coronavírus e assim voltarem o quanto antes à normalidade, as Câmaras Municipais da região tentam se adaptar para não deixar as atividades do Parlamento pararem. Em geral, as ações mais importantes dos vereadores no dia a dia são as votações de leis e novas normas relacionadas à própria Covid-19. Como é de se esperar, não havia até então nenhuma lei específica para tratar de situação desta natureza, uma vez que é inédita neste século. Sessões de homenagens e audiências públicas estão temporariamente suspensas.
Em Paraty, o presidente da Casa, o vereador Valceni Sanica (DEM) suspendeu de imediato a presença de público nas sessões e os acessos ao prédio da Casa passaram a ser controlados. Em vídeo nas redes sociais manifestou apoio integral às medidas determinadas na semana passada pelo prefeito da cidade, Luciano Vidal (MDB).
— Estou com o prefeito Vidal a todo tempo para entender cada uma das medidas feitas até agora. A população pode ficar tranquila de que o governo está agindo com responsabilidade e nós estamos fiscalizando — disse Sanica em vídeo na rua rede social.
Em sinal concreto deste apoio, a Câmara aprovou por unanimidade (foto) todos os itens do decreto de emergência sanitária em Paraty, dando à prefeitura legitimidade para a tomada das decisões. Destaque-se que, em Paraty, aprovações unânimes são raras dado ao acirramento de todas as discussões políticas no muncípio.
Em Angra, vereadores aproveitam para dar sugestões
Em Angra dos Reis, as sessões ordinárias foram mantidas nas duas primeiras semanas após o início do isolamento. Nesta quinta-feira, 26, os vereadores aprovaram, em reunião presencial, leis que beneficiam os setores de serviços e turismo com isenção de tarifas e parcelamento de impostos municipais. Alguns parlamentares, no entanto, aproveitaram para fazer indicações e sugestões ao município. O vereador Claudinho (PDT), por exemplo, quer atenção do município para os médicos da atenção básica, especialmente nos módulos do Saúde da Família (ESF’s). Outros parlamentares também fizeram sugestões semelhantes.
— A Câmara de Angra está junto com a prefeitura em todas as ações. Se o prefeito nos convocar vamos apoiar de toda forma e de forma direta. E pedimos que a prefeitura não deixe os postos de atendimento, em especial do Saúde da Família, sem médicos — reforçou Claudinho (foto).
Outros vereadores têm acompanhado de perto a movimentação da prefeitura não apenas com o objetivo de fiscalizar. Na terça-feira, 24, os vereadores Helinho (PSB) e Marquinho Coelho (PDT) acompanharam o prefeito angrense, Fernando Jordão (MDB), numa vistoria às obras de melhorias na Santa Casa de Misericórdia, no Centro da cidade (foto). A unidade será o hospital de referência para atender vítimas do coronavírus.
Eleição — Como o calendário eleitoral está intacto, apesar do coronavírus, houve quem visse na visita à Santa Casa uma sinalização de que os dois vereadores teriam a preferência de Fernando para ocupar a vaga de pré-candidato a vice-prefeito. É cedo ainda para especular mas, na ‘bolsa de apostas’, Marquinho Coelho levaria vantagem sobre Helinho. Isso porque, entre outros motivos, é o vereador mais atuante na região da Japuíba, segundo maior colégio eleitoral único de Angra. Servidor da Defesa Civil, Marquinho foi subprefeito no bairro, tem atuação na área da proteção animal, foi líder do governo até 2019 e privilegiou a Japuíba em sua atuação na Câmara. Sem dúvida, entre os dois citados, é a melhor escolha.
A despeito disso, porém, o prefeito tem evitado questões de natureza eleitoral no meio desta crise, trabalhando em silêncio na montagem de suas forças eleitorais mas centrando esforço na preparação da cidade para um eventual aumento acelerado de casos da doença. Fernando sabe que um bom desempenho na proteção sanitária da população será levado em consideração pelo eleitor.
Doação — E exatamente da Câmara Municipal de Angra veio aliás, a medida mais original entre os parlamentares e a mais efetiva também. O vereador José Augusto (s/partido) (foto) anunciou que vai doar metade do seu subsídio mensal para uma entidade de assistência social municipal. Cada vereador recebe cerca de R$ 12 mil por mês de subsídio. Augusto disse que o dinheiro será administrado diretamente pela entidade e que ele fará a prestação de contas das doações regularmente. A doação será mensal enquanto durar a crise da Covid-19.
Fotos: Reprodução / Redes Sociais
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